Um Europeu tem sempre um enorme impacto nos media portugueses. Especialmente desde que a nossa Seleção nos habituou a presenças constantes e com os olhos postos no título. Lembro-me da tristeza que me invadiu quando em 1984, em França, fomos eliminados pela equipa da casa quando chegámos a sonhar. Mas também recordo e com um sorriso nos lábios a vitória com o remate de Éder, quando de empate em empate até à vitória final conquistámos o EURO 2016.
O futebol é o desporto rei em mais de metade do globo, um fenómeno planetário que na Europa tem um impacto brutal. Nos media nacionais não é diferente, das televisões às rádios, passando claro, pelos desportivos, sendo o Record uma casa que acolhe com inevitável carinho e orgulho uma prova destas.
O impacto do Europeu mede-se de várias maneiras. Internamente, em qualquer media português, muda formas de trabalhar, mexe com grelhas de programação ou alinhamentos de jornais, cria programas de rádio, enfim, tudo tem de ser preparado de forma diferente, mas também tão diferenciada quanto o possível. Mas há mais. O impacto publicitário, por exemplo. Também os departamentos comerciais e de marketing olham para um Europeu de futebol como uma oportunidade de criar novos mercados, atrair novos parceiros, procurar encaixes que num verão normal não fazem parte das agendas dos grupos de media nacionais.
As coberturas das grandes provas desportivas têm mudado muito ao longo dos anos. Assim como a relação dos media com os atletas e dirigentes. Também o que é feito quando chega uma prova destas se diversificou de uma forma clara. As apostas hoje passam muito mais por uma informação cada vez mais detalhada e personalizada, uma opinião criteriosa e especializada, mas também outras formas de chegar aos leitores das mais variadas idades, seja pelas redes sociais, apps ou podcasts, entre tantos outros formatos que hoje utilizamos para comunicar com quem nos lê, ouve ou segue de qualquer outra forma que lhe agrade.
Hoje é aqui que estamos mas as coisas estão a mudar a uma velocidade vertiginosa e certo é que as televisões lineares estão a perder espaço para o digital, as redes sociais são rivais poderosíssimos e ainda esperamos para perceber o impacto da Inteligência artificial na vida de todos nós, sendo que momentos como este não escaparão à revolução. Mas há algo que não muda. A vontade de ver as cores de Portugal em campo, seja quem for que vista aquela camisola, a triunfar dentro das leis do jogo. Alegrias como a que Éder nos proporcionou não temos muitas ao longo da vida. Por isso é esperar que os nossos estejam inspirados e que tudo corra bem. O resto, bem, o resto nós estaremos cá para contar como foi, seja qual for o título ou a plataforma.
Bernardo Ribeiro, diretor do Record