Eis o comentário do atual codiretor criativo da Fuel para a Briefing:
“É com um misto de alegria e tristeza que percebemos todos os anos que o nosso filme “Desprezível” continua mais relevante do que nunca.
Tristeza porque para um fruto da publicidade pré-digital, pré-YouTube e pré “a publicidade como conhecemos vai acabar”, o “Filme do Avião” como muita gente continua a chamá-lo, continua a provar que no final das contas o que importa é a ideia – se ela for forte, ultrapassa todas as barreiras.
Postei o filme em 2008 na minha página pessoal do YouTube e organicamente o filme já passou a barreira dos 3 milhões de views. Recebe diariamente na secção de comentários mensagens incríveis de elogio e apoio ao filme e textos assustadores de gente racista que decreta que os autores deste filme devem morrer – nestas horas eu sempre digo que o Pedro Bexiga fez tudo sozinho.
Outra coisa que sempre me surpreende é a incredulidade das pessoas que perguntam: “Estás a falar sério? Foram mesmo tu e o Bexiga que criaram a campanha?” – o que nos ajuda a manter a humildade: o filme é tão bom que ninguém acredita que seríamos capazes de criar algo assim.
E não seríamos se não fosse a realização inspirada do João Carlos Pellote e a produção da Show-Off Films, do grande Alexandre Montenegro.
A parte triste deste eterno sucesso da campanha é que o racismo é um assunto que continua tão vivo e relevante quanto em 1999, quando o filme foi criado.
E a contar com as manifestações nazis que aconteceram em Charlottesville (Estados Unidos), na semana passada, o filme vai continuar a ser motivo de conversas, likes e shares durante muito tempo”.