É 8, mas podia ser 80. #ProvamosEAprovamos o Oitto by Carlos Afonso

Não há que enganar: o Oitto fica no número 8 do Largo do Picadeiro, entre os teatros São Luiz e Dom Carlos e o Chiado. E encontrar o espaço certo para este restaurante com o chef Carlos Afonso aos comandos levou oito meses. A espera valeu a pena: o conforto e a elegância são o denominador comum entre o ambiente e a cozinha.

É 8, mas podia ser 80. #ProvamosEAprovamos o Oitto by Carlos Afonso

Todas as histórias têm um princípio. E esta começou quando Denize Gouvêa e Renato Santos almoçou n’ O Frade, o restaurante na zona da Ajuda-Belém, em que Carlos Afonso ganhou notoriedade. O casal – ela brasileira, ele português – tinha vontade de investir e viu no “despretensiosismo” do chef o pretexto que faltava. É o empresário que, à mesa, conta essas primeiras impressões, elogiando a humildade do saber-fazer, o modo como não deixa cair as raízes, apesar da experiência de fine dining.   

Entusiasmados, ficaram com vontade de multiplicar o trabalho do chef e abrir um “fradão”. O aumentativo não é exagero: é que o Oitto é seis vezes maior do que O Frade, com 50 metros de fachada numa das zonas com maior movimento pedestre da cidade. “E mais cosmopolita”, acrescenta Renato, para abrir a porta à explicação do conceito: um restaurante com vários ambientes, com imponência e, simultaneamente, descontração, em que o conforto e a elegância também vão à mesa. “Que não seja um espaço de moda, mas de gastronomia”, é o desejo.

E Oitto tinha de ser. Porque é o número da porta – entra-se pelo 8B, mas vai do 8 ao 8C. E porque é símbolo de reinvenção, de reorganização, de infinito. Neste caso, “as infinitas possibilidades da gastronomia”. Beneficiando do facto de o Carlos (Afonso) ser “recetivo a novas ideias”, de gostar “que o critiquem para poder crescer”.

São três os espaços onde é possível comprovar esta asserção: uma sala de jantar generosa no piso 0, de onde se sobe para um gastrobar de balcão longo, onde é possível degustar um cocktail ou fazer uma refeição, no final do qual se encontra uma mesa mais privada, para um jantar de amigos ou de negócios. Tudo emoldurado por muita luz.

E o que provamos? Nas entradas, pontuaram o croquete de carne, com a clássica mostarda a revelar-se a companhia perfeita; o rissol de berbigão, inesperado, mas de sabor genuíno. Vieram à mesma dois ceviches, um de corvina, com batata doce e citrinos, e outro de atum, com coentros e lima, o peixe fresquíssimo em ambos, como se impõe. E um tártaro, bastante guloso no paladar.

O prato principal não podia ter sido mais de conforto: cabrito cozinhado a baixa temperatura com enchidos e arroz de forno, um peso-pesado da gastronomia, que foi o andamento certo depois da leveza das propostas iniciais.

A decadência gastronómica estava reservada para o fim: encharcada com sorbet de tangerina e crumble de amêndoa e mousse de chocolate, avelãs e caramelo salgado foram o final feliz desta experiência.

Fátima de Sousa

 

 

Sexta-feira, 27 Janeiro 2023 12:42


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