Cláudia Domingues, diretora de Comunicação da IKEA Portugal:
Os podcasts são uma plataforma de comunicação muito interessante, que nos permite conhecer pessoas relevantes, saber mais sobre temas do nosso interesse, divertirmo-nos e, tudo isto, no momento que queremos, no dispositivo que nos é mais conveniente. Para as marcas, é um formato que permite não só a partilha de mensagens sobre temas mais profundos, que precisam de mais contexto, como também possibilita uma abertura ao exterior, promovendo discussões e partilhas de diferentes pontos de vista.
Através da análise contínua dos resultados dos episódios do podcast “Igualmente”, é possível percebermos aquilo que é mais relevante para os nossos públicos e quais os detalhes que podem fazer a diferença no número de audições e interações. O tema, os convidados, o tom da conversa, a duração dos episódios ou até a data de lançamento influenciam as audiências. E nós podemos aprender e ajustar continuamente o nosso trabalho, para obter os melhores resultados.
Para cada episódio, temos ainda em conta keywords que nos permitem otimizar o SEO, de forma a garantirmos um melhor posicionamento nos motores de busca, uma maior visibilidade e, consequentemente, a atração de um maior número de pessoas.
Nesta terceira temporada, apostámos, também, numa funcionalidade completamente nova que ainda não tinha sido utilizada em Portugal, começando a disponibilizar o podcast em formato vídeo do Spotify, plataforma de streaming que, até há pouco tempo, permitia apenas o upload em formato de áudio. Damos assim a opção de ouvir ou ver, à medida das preferências de cada um.
Nuno Pimenta, Brand & Communication team leader da Fidelidade:
De acordo com o “Reuters Digital News Report 2021”, 42% dos portugueses com acesso à internet consumiram podcasts em 2021. Um valor acima da média global de 31% e surpreendentemente acima de países como os EUA (37%) ou Espanha (38%). Portanto, não é de estranhar que as marcas queiram usar este meio e formato para comunicar.
Além da audiência, o podcast é um formato com características únicas: longa duração, onde há tempo para aprofundar um tema em vários episódios; grande longevidade; e custo de produção (e distribuição) relativamente baixo, mesmo considerando a produção de uma versão em vídeo. Por último, e talvez o aspeto mais importante, quem ouve (e subscreve) um podcast fá-lo porque tem interesse no conteúdo. Geralmente, focam-se em temas específicos – que podem ser mais ou menos de nicho – e tendem a ter audiências definidas e qualificadas.
Parece ser um formato cheio de vantagens: com baixos custos de produção, e com tempo para veicular a mensagem que se quer a uma audiência qualificada. No entanto, captar e construir esta audiência demora tempo e requer um investimento consistente e expressivo. Este é o fator crucial na definição do papel que os podcasts podem desempenhar numa estratégia de comunicação.
Uma das formas de tirar partido dos podcasts enquanto ferramenta de marketing passa por investir em parcerias com podcasts existentes. Seja através de um patrocínio ou da inclusão de conteúdo da marca na narrativa do podcast, esta abordagem permite comunicar e alavancar a audiência existente, num investimento direto no alcance da sua mensagem. Acredito, no entanto, que o maior valor pode ser criado quando uma marca investe na produção de podcasts próprios. Esta abordagem, que requer maior esforço e investimento na divulgação e captação de uma audiência, permite, também, extrair mais valor deste formato.
Através de um podcast, uma marca pode debruçar-se, com tempo, sobre temas que contribuam para cimentar o seu posicionamento, explorando e partilhando com a sociedade e os seus públicos-alvo o seu ponto de vista e expertise.
Joana Garanito Bicudo, Brand manager da Frize e Água Serra da Estrela:
Faz parte do papel das marcas apresentarem conteúdos alinhados com o seu posicionamento e valores, e, no caso de Frize, queremos conteúdos que agitem as águas ao abordarem temas atuais da vida social. Os podcasts são uma excelente maneira de o fazer, uma vez que, ao criar episódios que abordem questões relevantes para o seu público-alvo e que estejam de acordo com os valores da marca, as empresas podem se posicionar como líderes de opinião e construir uma relação ainda mais forte com seus consumidores.
Este é um meio em grande crescimento e a popularidade de plataformas de streaming, como o Spotify, o YouTube e os Apple Podcasts, permite um grande alcance. Simultaneamente, a abordagem de temas específicos permite atender a públicos segmentados pelo seu interesse. Isso significa que as marcas podem alcançar o seu público-alvo de forma próxima e eficaz. Por outro lado, o facto de os podcasts serem geralmente mais longos do que outros tipos de conteúdo, como anúncios de TV ou rádio, permite que as marcas tenham mais tempo para se conectar com o público. Este fator, aliado a uma maior autenticidade, possibilita uma conexão mais forte com as pessoas, que é fundamental para construção de uma relação de confiança.
O formato conversacional dos podcasts e a abordagem de temas relevantes para os consumidores incentivam a participação e o engagement dos ouvintes, que tendem a partilhar e recomendar os episódios com os seus amigos e seguidores nas redes sociais. Este fenómeno potencia o alcance e crescimento orgânico da comunidade das marcas.
No entanto, é importante destacar que o sucesso da utilização de podcasts enquanto ferramenta de marketing depende da qualidade e relevância do conteúdo oferecido. As empresas devem criar conteúdo que seja valioso para o público-alvo, e que reflita os valores e a personalidade da marca.