As tecnologias baseadas na Realidade Virtual (RV) e Realidade Aumentada (RA) estão a oferecer, progressivamente, um aumento na rentabilidade da produção e sustentabilidade, combinando ciência agrícola com a realidade virtual e capacitando os agricultores a tomar decisões mais rápidas e eficazes para a sua atividade, é o que explica o diretor-geral da Direção-Geral da Agricultura e Desenvolvimento Rural, Rogério Lima Ferreira.
Neste momento, a RV é uma tecnologia que permite criar experiências quase reais de forma sintética ou virtual, enquanto a RA aperfeiçoa o mundo real, sobrepondo informações produzidas por computador.
A inovação pode, assim, ser entendida como a introdução de algo novo ou renovado, que se transforma num benefício económico, social ou ambiental para a produção agrícola. Pode ser tecnológica, não tecnológica, organizacional ou social e baseada em práticas novas ou tradicionais.
“Uma nova ideia pode ser um novo produto, prática, serviço, processo de produção ou uma nova forma de organização. Essa nova ideia só se transforma em inovação se for amplamente adotada e provar a sua utilidade na prática. Isso dependerá não apenas da nova ideia em si, mas também das possibilidades do mercado, da vontade do setor em aceitá-la, custo-benefício, conhecimento e perceções”, destaca.
Atualmente, o setor enfrenta inúmeros desafios, entre os quais a necessidade de aumentar a produção e a oferta de alimentos produzidos de forma sustentável, uma vez que a população continua a aumentar. A esta questão, acresce, ainda, o desafio das alterações climáticas, que impacta todos os setores, mas em particular o setor agrícola. Assim, para enfrentar estes desafios, é necessário inovação, tecnologia e a atuação conjunta de diversos setores.
Rogério Lima Ferreira afirma que a inovação e a tecnologia têm permitido ultrapassar inúmeros constrangimentos e são, hoje, essenciais para criar oportunidades de otimizar as atividades da cadeia produtiva de alimentos, assegurando uma melhor gestão dos recursos naturais e a viabilidade da produção a longo termo.
Assim sendo, será que a inovação pode ser vista como motor do setor? Neste momento, a tecnologia está a proporcionar uma oportunidade sem precedentes para melhorar os rendimentos e mitigar algumas das perdas associadas aos vários desafios no setor agrícola. E, neste contexto, a tecnologia está a transformar o setor agrícola com um conjunto de ferramentas interativas e “fáceis de usar” para agricultores, consultores e decisores políticos, permitindo aos técnicos recolher dados agrícolas com maior rigor e utilizar esses dados para aconselhar os agricultores sobre a forma de aumentar os seus rendimentos, bem como obter maior eficiência no uso dos fatores de produção e recursos naturais.
Para o efeito, a utilização de máquinas tecnologicamente inovadoras e eficientes reduz a dificuldade e aumenta a eficácia das operações, tendo impacto no desenvolvimento do setor, servindo de base para métodos sustentáveis e mais eficientes de práticas agrícolas.
Em linha com estes métodos mais sustentáveis, o diretor-geral salienta que a sustentabilidade é uma realidade na agricultura em Portugal e que as práticas previstas, quer no modo de produção integrada, quer no modo de produção biológico, quer em novas práticas emergentes mais exigentes, refletem essa realidade.
“Ter uma estratégia agrícola que inclua a sustentabilidade é, cada vez mais, uma exigência por parte dos stakeholders, além de constituir também uma oportunidade única para as empresas agrícolas inovarem, agregarem valor aos produtos, reduzirem custos operacionais, diferenciarem os seus produtos e/ou serviços, promoverem uma boa reputação da marca e, por fim, tornarem-se mais competitivas”, salienta.
Assim, tanto a tecnologia como as práticas agrícolas sustentáveis, têm sido desenvolvidas e introduzidas nas explorações em todo o País, estando os produtores sensibilizados para as suas vantagens ambientais e económicas.
Para dar continuidade a este investimento na inovação do setor, tem sido feito um grande esforço por parte dos produtores nesse sentido, deparando-nos com muitos exemplos de extraordinária inovação nas práticas de gestão sustentáveis, que, no entanto, são pouco conhecidas pelo público em geral.
A adoção de novas práticas sustentáveis é, no entanto, dificultada por diversos fatores, incluindo financeiros, técnicos, de pouco acesso ao conhecimento, fraco reconhecimento pelo mercado, entre outros. Neste âmbito, a disponibilização de apoios dirigidos para a adoção de sistemas e práticas de agricultura sustentável, assim como a tomada de consciência dos consumidores e a valorização do mercado de alimentos produzidos de forma sustentável, são fatores importantes que têm contribuindo para a generalização das práticas sustentáveis, sem esquecer a sua tripla abordagem, económica, social e ambiental.
O porta voz, destaca, por fim, a importância de reconhecer que existe a necessidade de alargar a sua implementação a todos os setores e tipologias de explorações, conhecendo e contrariando as limitações que dificultam a generalização da sua adoção, estarão asseguradas as condições para uma agricultura nacional resiliente e sustentável.