A cidade de Lisboa enfrenta, diariamente, inúmeros desafios. São deles exemplo a mobilidade urbana, a transição energética ou a falta de habitação, que tornam premente a necessidade de pensar e agir – para melhorar a vida dos habitantes, visitantes e de quem trabalha na capital.
Para muitos dos desafios que a cidade enfrenta, será preciso adotar soluções inovadoras, algumas delas que ainda não existem e que precisam de ser discutidas, desenhadas e testadas.
Nos últimos anos, Lisboa tem procurado envolver o ecossistema empreendedor na criação de soluções inovadoras e simultaneamente sustentáveis, num trabalho de proximidade com entidades públicas e privadas. É neste sentido que surge o SOL, o programa de inovação colaborativa, promovido pela CML e gerido pela Beta-i, que se tornou, ao longo de oito edições, um braço de inovação para a capital.
Esta última edição, com foco na transição energética, e que terminou este mês de abril, teve como objetivo testar soluções que reduzam a pegada energética, contribuindo assim para a meta definida de Lisboa tornar-se neutra em carbono até 2030.
Foram dez as empresas que em conjunto com 15 startups, tanto nacionais como internacionais, desenvolveram soluções focadas em acelerar a transição energética de Lisboa. Como resultado desta abordagem de ecossistema, que promoveu a colaboração e o trabalho conjunto entre a dimensão jurídica, regulatória, pública, técnica e de investimento, estão até ao momento a ser desenvolvidos seis projetos-piloto e dez estão em avaliação. Os projetos-piloto contribuem todos para a redução do consumo de energia na cidade, seja através de inteligência artificial e machine learning, sensores ou da substituição de opções de consumo de energia por energia solar e eólica, em áreas como a mobilidade, logística e climatização.
Este projeto é um exemplo bem prático e real da crescente importância da colaboração entre stakeholders, para se atingirem as metas ambiciosas da descarbonização. À medida que o mundo se torna cada vez mais complexo e interconectado, os desafios exigirão um esforço coletivo.
A inovação colaborativa aproveita os pontos fortes de todas as partes para descobrir soluções criativas mais rapidamente e com menos riscos, ao mesmo tempo que promove crescimento e constrói relacionamentos duradouros.
Através de projetos como o SOL, inúmeros outros foram já impulsionados. Na edição que chegou agora ao fim, promovemos a colaboração entre empresas e startups, empresas e empresas, startups e startups, e empresas e a CML. Ao partilharem recursos e conhecimentos, bem como os seus desafios, as organizações podem mais facilmente desenvolver soluções, impulsionando o seu crescimento e de todo o setor.
Promover este nível de colaboração entre tantas partes diferentes traz alguns desafios. É desde logo necessário alinhar expectativas, promover uma comunicação clara e transparente, assegurar que todos “falamos a mesma língua”, equilibrar objetivos individuais com impacto global, manter o nível de compromisso durante todo o programa. Apesar de desafiante, a inovação colaborativa é cada vez mais procurada.
O SOL foi mais um exemplo disso mesmo, um passo para colocar Lisboa num patamar ainda mais alto de excelência, sabendo que a inovação colaborativa, aberta e sustentável, deverá continuar a ter um papel central.
CEO da Beta-i, Diogo Teixeira