2050.Briefing | Como pode a HAVI ser um exemplo para as outras empresas no setor da logística?
Luis Ferreira | No que respeita a sustentabilidade ambiental, temos um programa de implementação mundial, baseado no Carbono Zero, que tem por base o objetivo de reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE) para o alcance do Net Zero até 2050. Para isso, olhamos para a sustentabilidade ambiental de forma integrada, de forma alinhada com aqueles que são os compromissos dos nossos clientes, como é o caso da McDonald’s e dos seus objetivos e metas em termos ambientais.
Gerimos toda a cadeia de distribuição da McDonald’s e, em Portugal, contamos com 16 camiões exclusivamente dedicados a esta frota, dos quais dez movidos a Gás Natural Veicular (GNV), três movidos a biometano e temos também, mais recentemente, três camiões movidos a HVO, um biocombustível 100% renovável que, sendo uma alternativa ecológica aos combustíveis fósseis, ajuda significativamente na diminuição das emissões de CO2. Olhando para o contexto HAVI na Europa, vemos a inovação ao serviço da sustentabilidade, por exemplo, com um piloto que estamos a realizar com um camião movido a hidrogénio.
A frota da HAVI é também equipada com tecnologia AddVolt que permite alimentar os motores de frio em modo elétrico. As baterias podem ser carregadas quando a frota está em operação de carga e descarga, utilizando energia renovável, ou podem ainda ser carregadas durante as deslocações, através da própria movimentação da viatura ou da energia das travagens do camião. Para além dos aspetos relacionado com os consumos existem ainda outros fatores ambientais relevantes como a redução de ruído produzido pelos equipamentos o que, uma vez mais, é um fator diferenciador quando falamos em operações de distribuição.
A par do pioneirismo na incorporação de combustíveis de transição alternativos, a HAVI tem também cuidado constante com a otimização dos planos de rotas, com o objetivo de reduzir cada vez mais a distância percorrida entre pontos de carga e descarga e desta forma garantir a maior eficiência neste plano.
Simultaneamente a toda esta transformação, procuramos reduzir os resíduos produzidos no âmbito da nossa atividade. Por isso, também desde junho de 2022, que utilizamos redes estiráveis no transporte de produtos para os restaurantes McDonald’s, em detrimento de plástico. Esta alteração permite-nos – à marca e à HAVI – reduzir, em média, a utilização de plástico em 32 toneladas por ano.
O Centro de Distribuição na Azambuja está dotado de painéis fotovoltaicos, estimando-se que a produção destes contribua com até 40% da energia elétrica necessária para a operação do centro. Já para o Centro de Distribuição de Canelas temos prevista uma realocação, na qual projetamos a introdução de tecnologia de ponta ao nível da produção de energia elétrica e aproveitamento de águas pluviais, de modo a elevar ainda mais o nível da sustentabilidade, autossuficiência e circularidade da nossa atividade.
Pensa que as organizações estão mais sensibilizadas para tornar a sua logística mais sustentável?
Sim, claramente. Este é um trabalho de todos e a gestão da cadeia de abastecimento interpreta um papel fundamental na pegada de uma empresa. Não só existe essa consciência como existe um foco em atuar e são também estas empresas que mobilizam os seus parceiros, pois a responsabilidade de fazer melhor é partilhada. Enquanto parceiros logísticos de uma marca com a escala da McDonald’s, existe o desafio constante de encontrar soluções que cumpram também os objetivos da empresa, sem penalizar o serviço. É um desafio que abraçamos com toda a responsabilidade e estamos muito orgulhosos das melhorias que temos vindo a implementar nos últimos anos.
Qual a importância de trabalhar com companhias de grande dimensão, como é o caso da McDonald’s?
Desde 1974 que a HAVI tem crescido e hoje tem um alcance global. Isto deve-se também à forte rede de clientes que fomos construindo, e que são também eles hoje líderes nas suas áreas. A HAVI e a McDonald’s são parceiros há mais de 30 anos e estamos com a McDonald’s Portugal desde o primeiro dia. Para além da projeção mundial que, naturalmente, esta empresa nos dá, é também a responsabilidade que incute e a exigência com que trabalha que contribui para o nosso negócio e âmbito de atuação, que hoje inclui uma variedade de serviços e de clientes. É por isso um crescimento e compromisso conjunto, no sentido em que trabalhar com líderes de mercado, exige uma responsabilidade ainda mais acrescida. Crescemos com a McDonald’s em Portugal e a responsabilidade de sermos o parceiro logístico desta grande marca acarreta um nível de exigência incomparável.
Que balanço faz da recolha de óleos alimentares usados pela McDonald’s para os transformar em biodiesel?
Este é um projeto de mérito que a McDonald’s desenvolveu em 2010, e tem implementado desde então. Trata-se de um sistema de gestão de óleos alimentares usados (OAU), do qual somos parceiros uma vez que asseguramos 100% da recolha e transporte destes OAU. Em média, recolhemos cerca de 750 toneladas de óleos alimentares usados por ano, os quais são utilizados para a produção de biodiesel, assegurada por uma empresa certificada (BioAdvance).
Da venda do combustível resulta uma verba que é convertida num donativo anual para Fundação Infantil Ronald McDonald (FIRM), o maior projeto de responsabilidade social da McDonald’s. Em mais de dez anos foram já recolhidas cerca de 8 mil toneladas de OAU e angariados cerca de três milhões de euros para a Fundação no âmbito desta iniciativa.
É um projeto de economia circular pelo qual temos muito carinho e um enorme gosto em fazer parte.
Considera que o futuro da logística passa pela sustentabilidade?
Naturalmente que sim. O futuro de todas as atividades passa pela sustentabilidade, ambiental e social, para garantirmos a sustentabilidade global da atividade das empresas. Cada camião movido a biocombustível, cada rota otimizada e cada centro de distribuição eco eficiente são passos fundamentais para a direção que não só precisamos, como queremos tomar e inspirar. O nosso sonho é transformar o futuro da logística em Portugal e no mundo.
Simão Raposo