É verdade que, de acordo com este estudo – que envolveu seis mil entrevistas, mil por cada um dos países abrangidos, a saber Portugal, Espanha, França, Bélgica, Itália e Alemanha –, a grande maioria dos europeus ainda conduz regularmente um carro. Mas a mudança é bem patente quando se verifica que o veículo particular não é o primeiro meio de transporte, ficando atrás da mobilidade pedonal, uma das formas de mobilidade ativa suave. Outro sinal dos novos hábitos é o facto de praticamente metade dos europeus também utilizar a bicicleta como alternativa. E as elétricas são adotadas por uma em cinco pessoas.
Mas, o que poderá explicar esta inflexão? No atual contexto de inflação e de crise energética, as razões económicas são determinantes: afinal, a mobilidade corresponde a um orçamento mensal significativo, com a média dos seis países a situar-se nos 133 euros, mas Portugal a apresentar uma fatura superior, de 150 euros.
As preocupações com a sustentabilidade emergem com uma relevância crescente, mas as alterações nas formas de trabalhar – com o advento do teletrabalho e do trabalho híbrido – também pesam nesta equação.
Ademais, a pandemia de Covid-19 veio igualmente impulsionar novos comportamentos, com andar a pé, de bicicleta ou trotinete a ganharem adeptos, ao mesmo tempo que, provavelmente por receio de contágio, decrescia o uso de outros modos de transporte, como a partilha de boleias ou os transportes públicos.
E estes hábitos parecem ter vindo para ficar, de acordo com o barómetro da Europ Assistance: é que nas intenções dos inquiridos andar a pé está cada vez mais no horizonte, com o recurso a outros meios de transporte, incluindo viaturas pessoais, a perder predominância nas escolhas.
Num olhar para o futuro, o estudo identificou que os veículos elétricos apresentam um potencial de desenvolvimento em Portugal, a par da intenção manifestada por cerca de um terço dos europeus de adquirir um destes modelos. Ainda assim, existem barreiras a superar, sobretudo o custo de aquisição, indicado por 61% dos portugueses (56% na Europa).