Educação para a sustentabilidade no presente para garantir o futuro das empresas

A Associate Dean for Engagement and Impact da ISCTE Business School, Ana Simaens, aborda a importância da consciência sustentável das empresas.

Educação para a sustentabilidade no presente para garantir o futuro das empresas

Pensar no futuro das empresas implica antecipar as oportunidades, acautelando as ameaças. Os relatórios anuais do Fórum Económico Mundial destacam a necessidade de uma abordagem sistémica às megatendências ligadas à sustentabilidade, tendo em conta os riscos económicos, ambientais, geopolíticos, societais e tecnológicos, percecionados a diferentes horizontes temporais. A necessidade de as empresas responderem a estes riscos de uma forma resiliente exige a capacidade de compreender a complexidade, de antecipar diferentes cenários, de negociar compromissos, de estar preparado para agir rapidamente com informação limitada e de trabalhar em parceria na procura de soluções. Segundo a UNESCO, a educação para o desenvolvimento sustentável, nos vários níveis de ensino, é um motor fundamental para equipar melhor o mundo para futuras crises.

Nas últimas décadas, tem-se verificado uma crescente consciencialização do papel que as instituições de ensino superior em geral, e as escolas de gestão em particular, têm na promoção do desenvolvimento sustentável. Apesar dos desafios conhecidos para a sua concretização, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, com a sua visão holística da sustentabilidade, fornecem um importante referencial partilhado a nível mundial. A pandemia COVID-19 exacerbou alguns dos desafios que enfrentamos, tendo as Nações Unidas reconhecido um retrocesso para o desenvolvimento sustentável, a par da crescente emergência das alterações climáticas, a rápida destruição da biodiversidade, as desigualdades galopantes, a pobreza, os conflitos armados, entre outras. A concretização destes objetivos ambiciosos exige ações deliberadas de todos os sectores da sociedade, desde os governos, ao sector privado, à sociedade civil e, naturalmente, ao ensino superior. Neste domínio, a transformação digital pode ser um importante aliado pelas oportunidades que traz, descontados os desafios inerentes a qualquer evolução. Desde as inovações que permitam soluções mais sustentáveis, à educação com a sua expansão e democratização e possibilidade de aumentar as oportunidades de aprendizagem ao longo da vida.

Considerando que pelas escolas de gestão passam milhões de atuais e futuros gestores, torna-se crítico que os currículos dos programas, a investigação, as suas operações, e as suas parcerias com entidades dos seus ecossistemas reflitam e promovam uma gestão responsável. Só assim, conseguiremos dotar os estudantes com o conhecimento, competências e mentalidade necessários para enfrentar os desafios e oportunidades que enfrentamos atualmente e contribuir para a criação de sociedades mais sustentáveis, inclusivas e prósperas. Estes apelos vêm dos vários stakeholders, desde os estudantes e a comunidade interna cada vez mais atentos, às entidades acreditadoras e comunidade envolvente, que têm encontrado em escolas de referência lideranças cada vez mais proativas e conscientes do seu propósito e de que o potencial impacto social positivo é o que as deve guiar.

Ana Simaens, Associate Dean for Engagement and Impact da ISCTE Business School

Quarta-feira, 03 Janeiro 2024 10:42


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