Emprego verde a crescer

A HR Consultant, Sales & Marketing da Randstad, Susana Patrícia Araújo, reflete sobre as transformações do mercado de trabalho do futuro.

Emprego verde a crescer

Regimes de trabalho flexíveis; automação e inteligência artificial; requalificação e reconversão profissional; economia Gig e trabalho freelancer; diversidade, equidade e inclusão. São estas as cinco grandes tendências de emprego para o futuro. Quem o afirma é a HR Consultant, Sales & Marketing da Randstad Portugal, Susana Patrícia Araújo, apontando a previsibilidade, face a estas tendências, de determinadas categorias profissionais sofrerem um declínio na procura.

Segundo o “Relatório Sobre o Futuro dos Empregos 2023”, espera-se que cerca de 23% dos empregos mudem até 2027, com 69 milhões de novos empregos criados e 83 milhões eliminados. Funções administrativas e de manutenção de registos, incluindo funções de caixa e empregados de bilheteira; inserção de dados, apoio administrativo e secretariado, serão menos procuradas, devido sobretudo à digitalização e à automatização. Por outro lado, os empregos com uma procura crescente serão os especialistas em Inteligência Artificial e aprendizagem automática, os especialistas em sustentabilidade, os analistas de business intelligence e os especialistas em segurança da informação. Em termos absolutos o maior crescimento está previsto nos setores da educação, da agricultura e do comércio digital.

Em particular nos países da União Europeia (UE), é inegável que vamos, muito provavelmente, assistir ao emergir de várias funções dentro da área da sustentabilidade e economia circular, ou seja, um crescimento dos empregos verdes”, avança a porta-voz da consultora. O Pacto Ecológico Europeu estabeleceu como objetivo atingir a neutralidade carbónica na UE em 2050, e contará com financiamento por um terço dos 1,8 mil milhões de euros do Programa Next Generation EU e pelo orçamento da UE durante sete anos. “Remetendo à minha experiência profissional em recrutamento, desde o início deste ano que já começamos a deparar-nos com uma maior procura de profissionais que possam aportar valor nesta área”, observa.

De acordo com o Relatório Sobre o Futuro dos Empregos, este fenómeno de aumento da procura está relacionado com o investimento na transição verde e na atenuação das mudanças climáticas, assim como a crescente conscientização dos consumidores sobre as questões de sustentabilidade. 

Até então, diz, “era uma área muito associada à engenharia e qualidade, onde os conhecimentos exigidos eram altamente técnicos. Atualmente, empresas de grande dimensão já estão a integrar perfis distintos, que possam complementar os tradicionais, mais analíticos e muito orientados para um papel de consultoria”. Por exemplo, perfis de comunicação e marketing mas especializados na matéria de sustentabilidade. “Não me parece arriscado afirmar que profissões como sustainability manager; sustainability specialist/expert; sustainability analyst; Environmental Protection Professionals, terão uma procura crescente nos próximos anos. Ainda dentro desta área, mas mais direcionado para perfis de Engenharia, Renewable Energy Engineers, Solar Energy Installation e System Engineers, ou técnicos de conservação do solo”, comenta.

O employer brand research 2023 mostra que nove em cada dez profissionais (86%) consideram importante que o seu empregador ofereça oportunidades de reskilling/upskilling, por isso, “podemos desde já deduzir que os profissionais já estão cientes de que algumas das suas competências neste momento não estão a acompanhar as necessidades de mercado ou de um futuro próximo”.

“Diria, contudo, que há duas competências pessoais que são muito importantes agora e que acredito que nos próximos anos continuarão a ser: o pensamento analítico e o pensamento criativo”. Já o eram em 2020 e o relatório do World Economic Fórum de 2023 destaca-as novamente. Considera, no entanto, que passarão a ter ainda mais relevo competências como resiliência, flexibilidade e agilidade, curiosidade, literacia tecnológica, resolução de problemas e flexibilidade cognitiva. Relativamente às hard skills: capacitação em Inteligência artificial, big data, cibersegurança, blockchain e user experience.

“Da minha experiência diária de contacto com empregadores e candidatos, posso concluir, e neste caso suportado pelos vários estudos, é que, mesmo com o crescimento abrupto da digitalização e a evolução tecnológica no geral, há um conjunto de competências interpessoais que continuam a ser muito importantes. Aliás, numa fase em que tudo parece tão automatizado, parece-me que serão mesmo estas competências pessoais que farão alguém destacar-se”, nota.

Quarta-feira, 29 Maio 2024 11:18


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