Segundo um estudo da Monash University, na Austrália divulgado no início de março, apenas 0,18% da área terrestre do planeta e 0,001% da população global foram expostos em 2019 a partículas finas na atmosfera abaixo dos níveis de segurança recomendados pela OMS. Estas partículas, conhecidas como PM2·5, são microscópicas e nocivas para o ambiente e para a saúde humana, sendo responsáveis por doenças cardíacas e pulmonares.
Esta é a primeira investigação a medir as partículas de poluição PM2·5 no mundo e revela que, entre 2000 e 2019, a média anual global foi de 32,8 µg/m3. Em 2021, a OMS atualizou, pela primeira vez em 15 anos, as suas diretrizes de qualidade do ar e estabeleceu o limite de segurança de 5 µg/m3. Esta diferença entre os valores levou os cientistas responsáveis pelo estudo a mostrarem a sua preocupação.
O estudo, publicado na revista na revista científica The Lancet Planetary Health, é o primeiro a medir estas partículas. Este relatório marca o fim de uma escassez de dados relativos à exposição local, nacional, regional e global a partículas finas devido à falta de estações de monitorização da poluição do ar a nível mundial.
O leste e o sul da Ásia foram as regiões do mundo com os maiores níveis de poluição, seguidas pelo Norte de África. Por outro lado, a Austrália e a Nova Zelândia, em conjunto com outras regiões da Oceânia e da América do Sul, apresentaram os valores mais baixos, apesar de terem registado um aumento dos níveis de poluição do ar nas últimas décadas, muito devido à intensificação e ao prolongamento da época de incêndios florestais.
A Europa e a América seguem uma tendência oposta, estando a registar uma diminuição dos poluentes, muito devido a um conjunto de regulamentações mais rigorosas.
Segundo os resultados do estudo, os combustíveis fósseis são apontados como os maiores contribuidores para a poluição atmosférica. Outro fator de poluição detetado é o ozono, que se transforma em poluição atmosférica quando chega muito perto do solo, reduzindo a visibilidade. Por último, os eventos climáticos extremos e as alterações climáticas são igualmente assinalados como fatores.