Na prática, que funções terá à sua responsabilidade com o cargo de head of ESG & Sustainability?
Os temas da sustentabilidade e ESG estão atualmente na ordem do dia e a exigência sobre todas as organizações tem sido tem sido notória. Na área do real estate é muito evidente a pressão para que os edifícios sejam mais sustentáveis e para que todos os stakeholders atuem nesse sentido, seja quem constrói, promove, financia, transaciona, gere ou ocupa os edifícios.
A área de ESG & Sustainability da CBRE tem como missão garantir que todos estes stakeholders têm à sua disposição as ferramentas necessárias para responder a estes desafios e fazer parte desta jornada, no sentido da sustentabilidade do setor. Isto passa por desenvolver estratégias de ESG, mecanismos de descarbonização, certificações de edifícios (LEED,BREEAM, WELL), avaliações de taxonomia ou mesmo apoiarmos na transição para a sustentabilidade no setor dos serviços financeiros de real estate.
Enquanto head of ESG & Sustainability, a minha responsabilidade passa por assegurar que estes serviços são prestados aos nossos clientes com a garantia de qualidade associada à CBRE, devidamente focadas na realidade específica de cada organização e alinhadas com as tendências e melhores práticas internacionais. Existe, por isso, não só uma grande proximidade com os nossos clientes de forma a conhecermos aprofundadamente a sua realidade e definirmos as soluções que mais se adequam ao seu contexto, como também uma constante interação com a rede de profissionais na área de sustentabilidade que a CBRE tem à escala global e que nos permite oferecer aos nossos clientes as melhores práticas de mercado.
O que acredita trazer de novo à empresa? De que forma o seu percurso profissional, nomeadamente a passagem de oito anos pela Greenlab, é uma mais-valia?
O meu percurso profissional tem estado desde sempre ligado ao imobiliário sustentável. Iniciou-se ainda no IST, onde desenvolvi funções de I&D depois de concluir a licenciatura, passou pela Ecochoice, onde tive oportunidade de trabalhar em mercados como Brasil, México e República Dominicana, e depois pela Greenlab, spin-off que integrou nos seus primeiros anos de desenvolvimento o grupo Saraiva+Associados (S+A). Ter estado desde 2005 a trabalhar nesta área permitiu-me ter uma visão abrangente do mercado e da sua evolução, nacional e internacionalmente.
A passagem pela Greenlab foi particularmente enriquecedora pelo facto de ter surgido num período de retoma do setor imobiliário em Portugal que, claramente, passou a estar mais atento aos temas de sustentabilidade, muito fruto do crescimento de investimento externo claramente mais sensibilizado para o tema.
Por outro lado, os primeiros anos da Greenlab, ainda enquanto S+A Greenlab, foram particularmente relevantes no sentido de melhor conhecer a realidade do desenvolvimento de projeto, de trabalhar em grande proximidade com as equipas de arquitetura e engenharia e de poder estar em contacto com alguns dos principais de desenvolvimento imobiliário à escala nacional como o projeto ALLO, nova sede da Fidelidade, WELL.BE ou o novo campus do Novo Banco.
A multiplicidade de projetos em que tive oportunidade de trabalhar, quer pela sua tipologia, geografia ou estado de desenvolvimento, foram sem dúvida determinantes no meu percurso e no contributo que espero poder dar ao desenvolvimento da área de ESG & Sustainability da CBRE.
Como define este novo desafio?
É, sem dúvida, um grande e ótimo desafio que tenho o maior entusiasmo em poder abraçar. As metas da CBRE são claras e ambiciosas em matéria de sustentabilidade e responsabilidade social, pelo que este é um desafio que começa dentro de portas. É ambição da CBRE fazer crescer esta área de desenvolvimento, aumentando o volume de projetos e portefólio em matérias de ESG e sustentabilidade.
Acresce que o novo contexto regulatório, com novas exigências europeias nas óticas do ESG e da NFDR (Non Financial Reporting Directive), economia circular, taxonomia, SFDR (Sustainable Finance Disclosure Regulation), entre outros, implica uma transformação no mercado imobiliário no sentido da sua sustentabilidade. Um dos aspetos mas relevantes destes novos regimes é o facto de não se centrarem apenas no ativo propriamente dito, mas em toda a cadeia de valor, com responsabilidades claramente identificadas para todos os intervenientes e em todas as fases do ciclo de vida. Será, por isso, muito desafiante trabalhar no sentido desta transformação do setor mas seguramente um desafio que será muito compensador e que trará ótimos resultados.
O que significa para a CBRE a aposta nesta nova liderança?
Sendo a temática de ESG & sustainability central para a nossa organização, diria que a aposta se centra num reforço da equipa e do conjunto de serviços que podem ser oferecidos aos nossos clientes, apoiando-os nos desafios que o mercado da sustentabilidade tem, nomeadamente face às referidas exigências e tendências. Existe uma perspetiva clara de crescimento deste segmento de negócio, à semelhança do que tem acontecido com as várias equipas europeias, em que a CBRE tem já mais de 220 profissionais apenas focados em projetos de ESG e sustentabilidade.
De que forma a sustentabilidade é um pilar fundamental para a empresa?
Este pilar é, sem dúvida, central para a CBRE. O compromisso da empresa está refletido no seu próprio plano estratégico e na estratégia ESG que alinha as suas iniciativas nas vertentes people, properties, places e planet. Para dar exemplos mais concretos, existe um assumido objetivo de ser Net-Zero até 2030, cerca de 0,5% do EBITDA é já destinado a causas sociais, assim como existe uma aposta na formação em sustentabilidade em todos os seus colaboradores.
Como se materializa a estratégia da CBRE pensada para esta área?
A estratégia passa por um posicionamento muito claro da CBRE enquanto parceiro estratégico para os nossos clientes, apoiando-os na sua transição para o mercado da imobiliário sustentável, de uma forma integrada e transversal. Os serviços que prestamos aos nossos clientes passam pelas due dilligences e estratégias ESG, certificações dos seus portefólios de ativos, apoiando-os na descarbonização desses ativos, melhorando a sua relação com a comunidade e demais stakeholders, ou ainda colaborando com entidades gestoras e fundos no sentido de responder aos desafios da economia “verde”. Destaco ainda que a rede europeia de profissionais em sustentabilidade é uma enorme mais-valia, capitalizada para benefício dos nossos clientes, garantindo-lhes um continuo conhecimento do state of the art internacional.
Que apostas tem em vista no que diz respeito à sustentabilidade?
Claramente o tema da responsabilidade corporativa, apoiando os nossos clientes no seu percurso ESG de forma a que respondam aos desafios da transição climática com soluções e estratégias efetivamente adequadas à sua realidade.
Há ainda uma grande aposta em desmistificar todos os temas ESG e de sustentabilidade, de modo a que sejam não apenas um serviço adicional, mas que façam parte do dia a dia de qualquer projeto e em qualquer equipa da CBRE.