O ensino superior na consciencialização ambiental dos profissionais de logística

A análise é do investigador responsável pelo projeto Sines Nexus, Tiago Pinho.

O ensino superior na consciencialização ambiental dos profissionais de logística

A atividade logística tem vindo a ganhar, ao longo das últimas décadas, uma importância estratégica. Isso ficou bem patente com todos os desafios que enfrentámos com a Covid, a falta de componentes eletrónicos e, mais recentemente, no conflito na Ucrânia. O impacto de todas estas disrupções nas cadeias de abastecimento tem sido bastante notório, em particular na disponibilidade e no aumento dos preços dos produtos. A dependência da Europa em produtos chave como o petróleo é algo que tem sido discutido há bastante tempo. Em 2011, a União Europeia lançou o Livro Branco “Roteiro do espaço único europeu dos transportes – Rumo a um sistema de transportes competitivo e económico em recursos”, que tinha como objetivo a redução da emissão de gases de efeito de estufa e, consequentemente, diminuir a dependência do petróleo.

É nesse contexto, que a Escola Superior de Ciências Empresariais, do Instituto Politécnico de Setúbal (ESCE-IPS), tem formado profissionais de logística e gestão da cadeia de abastecimento há 25 anos, nos mais diversos níveis de formação, desde os cursos técnicos profissionais, licenciaturas e mestrados. A ESCE-IPS foi pioneira em Portugal ao lançar a primeira licenciatura em distribuição e logística, e mais recentemente ao lançar o primeiro mestrado profissionalizante na área da logística e gestão da cadeia de abastecimento, em parceria com um dos maiores retalhistas portugueses. O tema da sustentabilidade das operações é uma constante em todas estas formações. Temas como a sustentabilidade, logística inversa e logística verde são debatidos por todos os estudantes. A preocupação dos estudantes com o impacto ambiental das atividades logísticas é demonstrada nos seus trabalhos durante e no final das suas formações, com os trabalhos a analisarem a eficiência energética das frotas, redução de desperdícios nas operações, eficiência nos armazéns e entrepostos, seleção de fornecedores, melhores estratégias de importação, entre outros.

Mais recentemente, as tecnologias têm dado um auxílio muito importante, permitindo saber, em tempo real, o status da cadeia de abastecimento, por via da integração de sistemas e interoperabilidade entre os mesmos. O acesso à informação tem permitido trabalhar com sistemas de informação que transformam grandes quantidades de dados em conhecimento que permite tomadas de decisão baseada em processos analíticos. Adicionalmente a todo o conhecimento que é adquirido ao longo da sua formação, os estudantes têm a possibilidade de realizar visitas de estudo a empresas para conhecer as melhores práticas do mercado, participar em workshops e conferências que lhes permitem o contacto próximo com os profissionais da área, bem como com as melhores tendências e tecnologias. Por fim, é importante ressalvar o esforço de atualização constante dos docentes para que possam manter-se a par das melhores práticas nestas áreas, quer com a participação em projetos de investigação, quer na continuação dos seus estudos pós-doutoramento.

Tiago Pinho, investigador responsável pelo projeto Sines Nexus, no Instituto Politécnico de Setúbal

Quarta-feira, 24 Abril 2024 09:31


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