Muito mais do que uma moda, a sustentabilidade impõe-se, definitivamente, como um imperativo e fator competitivo para as organizações. Sustentabilidade que compreende os critérios ESG – environmental, social, governance, ou seja, a resposta dada a fatores ambientais, sociais e de governance.
Se dos critérios ambientais e sociais muito se diz e se escreve, a governance é um parente da sustentabilidade menos falado, sem que por isso seja menos relevante. Na verdade, é para muitos a base da sustentabilidade, prévia aos fatores ambientais e sociais, um pilar fundamental nas estratégias de empresas competitivas, com visão de futuro e orientadas para a construção de um mundo melhor.
Mas, o que é a governance e por que é tão importante para a sustentabilidade?
A tradução para português ajuda na identificação com o termo. Governance ou governação está originalmente relacionada com as estruturas de governo dos países, em que podemos encontrar diferentes modelos como as democracias, as monarquias ou as ditaduras.
Num país que vive em democracia, como Portugal, atribuímos e exigimos aos governos eleitos o papel de governar ou de dirigir o destino da nação de acordo com o supremo interesse dos seus cidadãos. De igual modo, também as empresas têm este dever para com as pessoas a quem servem, isto é, o seu ecossistema de stakeholders, desde os acionistas aos colaboradores e aos fornecedores, até às comunidades onde estão inseridas e à sociedade em geral.
É no final dos anos 80 e 90 que a corporate governance ganha forma, com a vaga de privatizações a retirar do Estado o papel de previdência. Foram, no entanto, as falências de grandes empresas e os escândalos financeiros da banca americana no início deste milénio que vieram destapar e revelar o que corria mal nos sistemas governativos empresariais. Se os gestores conduziram ao colapso, os membros dos conselhos administrativos permitiram-no. O resultado foi desastroso, uma crise financeira alastrou-se à escala mundial. Uma mudança impunha-se.
O dever de uma boa gestão empresarial (corporate governance) passou a estar na ordem do dia e é hoje um fator de reputação, de criação de valor, de competitividade e de sustentabilidade empresarial. De acordo com a McKinsey, os investidores estão dispostos a pagar mais 16% pelas ações de empresas conhecidas por terem um bom sistema de governance.
Honestidade, confiança, integridade, responsabilidade, compromisso, accountability, transparência, responsabilidade, ética, sustentabilidade fazem parte dos ingredientes de uma boa governação. A pergunta que se impõe, e que nos é sugerida por Ric Marshall, diretor executivo da MSCI ESG Research, é se os boards estarão a fazer tudo o que está ao seu alcance para tornar a sua empresa bem-sucedida e contribuir para um mundo melhor.
Deixar o mundo melhor é, sem sombra de dúvida, atuar inequivocamente a favor da proteção e preservação do ambiente e de mais justiça e equidade social. Um board que se preocupa com o sucesso da sua empresa reconhece a importância da sustentabilidade, cujos impactos positivos no desempenho financeiro são confirmados por vários estudos. Este é um board que integra a sustentabilidade na sua estratégia e nos seus comités e exige uma atuação neste sentido por parte dos seus gestores.
Sustentabilidade é, por isso, e antes de mais, uma questão de governance.