A Ana quer Beauty Now

Ana Cabral sempre gostou de ter uma imagem cuidada, mas trabalhou quase 20 anos em revistas e nunca teve horários das 9 às 18h. “Estar sujeita aos horários e à disponibilidade dos salões foi uma questão com a qual me debati anos a fio”, conta. A Beauty Now surgiu, pois, em 2016, fruto da sua própria necessidade. “Numa era em que tudo vem ter connosco e já não vivemos sem apps, por que não criar a solução para mim e para as mulheres (e homens também) que, tal como eu, procuram serviços de beleza e estética ao domicílio?”, pergunta.

O passo seguinte foi encontrar uma empresa que desenvolvesse a app. “Sabíamos exatamente o que queríamos, mas não foi tarefa fácil”, diz, assegurando que “não existia nada do género criado em Portugal” e que só em 2017 encontrou developers com o know-how necessário. Depois, foram “oito longos meses” de desenvolvimento e mais três de testes, e no dia 10 de julho de 2018 a app estava nas stores.

De lá para cá, mais de mil pessoas já utilizaram os serviços desta app de serviços de beleza e estética que permite requisitá-los para o momento ou agendar para quando e onde se quiser. Seja em casa, no trabalho, ou até num hotel.

E quem são estas pessoas? Até ao início da pandemia, a marca tinha um target mais definido. “Pessoas com horários menos convencionais; recém-mamãs também nos procuram muito, porque não querem levar os bebés para o salão; os homens que gostam de cuidar de si, mas não se sentem muito confortáveis nos típicos salões femininos, encontram na Beauty Now a resposta que precisam”, revela a fundadora. “E também pessoas de passagem pelo nosso país ou que se deslocam entre cidades e que, por isso, não conhecem locais de confiança para os seus cuidados pessoais”, acrescenta. Além disso, trabalha com algumas empresas que “percebem a vantagem” de ter a Beauty Now nas suas instalações, para que os funcionários possam receber os serviços sem terem de se ausentar.

Com a Covid-19, a marca ganhou outro tipo de clientes. “Muitas são as pessoas que estão com os filhos em casa ou em teletrabalho e saírem para cuidar de si não é uma opção. Outras, para minimizar o risco de contágio, preferem obter estes serviços num ambiente muito mais controlado: a sua casa”, diz.

“O paradigma do consumo mudou nos últimos anos e cada vez mais precisamos de serviços que cheguem até nós, e sejam mais rápidos, mais cómodos e mais fáceis”, nota. “A Beauty Now veio revolucionar um mercado ainda muito tradicional, que estava muito dependente de agendas superlotadas, marcações antecipadas e horários pouco compatíveis com as nossas vidas”. O nome da marca surgiu, pois, naturalmente a partir do conceito base.

Quanto ao logótipo, a inspiração partiu do design do pin de localização usado na web, uma vez que a Beauty Now funciona através da geolocalização entre os clientes e os profissionais que prestam os serviços. “Se olharmos com atenção para o interior do b (de Beauty), encontramo-lo lá”, aponta Ana Cabral.

Em termos de comunicação, revela que o fundamental é criar confiança nos leads. “A praticidade da app não pode colidir com a proximidade entre a Beauty Now e o cliente. As pessoas gostam de sentir que, mesmo que o nosso conceito seja completamente autónomo e digital, há alguém do outro lado para as ajudar, responder a questões e acompanhar no processo, caso assim o entendam”, sustenta. Paralelamente, considera importante transmitir que o tempo é “um dos bens mais preciosos” que existe e que os serviços da marca “são um excelente aliado na missão de gerir o tempo de uma forma mais positiva”. E, porque o nível de satisfação dos clientes é, assegura, “elevadíssimo”, procura comunicar o mais possível essa informação.

“Muito rápido” é como tem sido o crescimento da app, chegando a uma média diária de 15 novos downloads. O foco é, como tal, convertê-los em vendas. “A marca é vista pelos nossos consumidores como altamente fiável e profissional e, como tal, exploramos esse ponto de forma constante”, avança.

Até ao início deste ano, teve um crescimento de 54%. A prioridade é, pois, manter esse incremento de forma consistente. “Queremos também chegar cada vez a mais cidades e num futuro próximo – provavelmente agora, um pouco menos próximo”, ressalva – “a outros mercados”. “Estávamos também a avançar numa outra área paralela, mas que, por agora, teve que ficar em stand-by”, declara.

A Covid-19 afetou “bastante” a Beauty Now, fruto da suspensão dos serviços entre 17 de março e 3 de maio. Quanto ao real impacto da pandemia, entende que ainda é cedo para perceber qual será. “Sabemos que muitas famílias vão ficar durante algum tempo numa situação económica muito frágil, vão ter de fazer escolhas e talvez os cuidados de beleza não sejam, por isso, uma prioridade. São clientes que, provavelmente, vamos perder no imediato”, admite, salientando, porém, a oportunidade de um “novo perfil de consumidor que não perdeu poder de compra, mas, sim, mobilidade”, e que procura a app. “Temos de ser pragmáticos e determinados, mas prudentes nos próximos meses”, afirma.

Para o futuro, e tendo em conta a atual conjuntura, manter os clientes e fidelizar os novos é a maior ambição. “Não queremos que nos procurem apenas uma vez. Mas, continuamos de forma otimista com os olhos postos no futuro e queremos ser uma marca reconhecida mesmo por quem não utiliza os nossos serviços. Dou sempre como exemplo: posso não conseguir comprar um Ferrari, mas conheço todos os modelos”, remata.

sd@briefing.pt 

Terça-feira, 22 Setembro 2020 12:02


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