A Castelbel está na rota da Ásia. O Aquiles conta como

De um único cliente, americano, para mil e de seis trabalhadores para 200. Foi assim a evolução da Castelbel, desde a sua criação, em 1999. Posicionando-se como luxo acessível, a marca de produtos perfumados concorre sobretudo com empresas estrangeiras. O fundador, Aquiles Barros, aponta o mercado asiático – ainda que difícil – como a maior aposta. E revela que o mercado já vive “alguma recuperação”.

Briefing | A Castelbel nasceu do desafio de um norte-americano para criar sabonetes de luxo. Como evoluiu a marca desde essa altura?

Aquiles Barros | A Castelbel nasceu em 1999, apenas com seis trabalhadores, e produzia sabonetes para um único cliente americano. Em 2006 mudámos de fábrica, registámos as marcas Castelbel e Portus Cale e lançámos outros produtos além de sabonetes. Nessa altura éramos já 36 pessoas. 20 anos depois do nascimento da empresa, criámos uma fábrica nova com 5500m2, temos cerca de 1000 clientes, 200 trabalhadores e fazemos fragrâncias para casa e para o corpo. As nossas marcas representam cerca de 80% das vendas da Castelbel.

Qual o posicionamento da Castelbel?

Na Castelbel, fazemos fragrâncias para a casa e para o corpo. Vendemos tanto para lojas de decoração e lifestyle, como para perfumarias. Temos um posicionamento médio/alto, concorrendo com várias empresas, quase todas estrangeiras; uma das nossas vantagens é que o preço e a qualidade dos nossos produtos permitem catalogá-los como um luxo acessível.

Criada para exportação, qual é o peso e importância de Portugal atualmente para a marca?

Em Portugal, temos cerca de 500 pontos de venda, espalhados de norte a sul. O peso do mercado português, que era residual até há cerca de dez anos, atingiu em 2019 mais de 25% das nossas vendas totais, atingindo um valor de 3,5 milhões de euros. É um valor fantástico, que corresponde a um aumento superior a 100% em apenas três anos. Em 2015, as vendas no mercado nacional foram de 1,7 milhões de euros. Com o aparecimento da pandemia, as vendas em locais turísticos tiveram uma queda acentuada, pelo que em 2020 as vendas no mercado nacional baixaram para cerca de 2,2 milhões. Em 2021, já houve alguma recuperação.

Como dão a conhecer a marca? Qual o investimento em marketing e por que meios se distribui?

Antes da pandemia, através das feiras profissionais. Desde sempre que participamos em inúmeras feiras pelo mundo fora, e assim fomos ficando conhecidos. As principais são em França (Paris), Alemanha (Frankfurt) e Itália (Bolonha), e recebem milhões de participantes de todos os cantos do mundo. Com a pandemia, tivemos que nos reinventar e arranjar novas formas de chegar aos clientes: através da nossa loja online, feiras virtuais, reuniões virtuais, entre outras.

Que peso tem o digital nessa estratégia e no respetivo orçamento?

O digital está a crescer e a ficar com um peso cada vez maior. Se já acreditávamos no digital antes, depois da pandemia ficou claro que era uma área de negócio que não poderia ficar de fora.

Qual a importância do e-commerce para a Castelbel?

O e-commerce, tal como o digital, está a ganhar um peso cada vez mais importante na organização. Lançámos a nossa loja online em 2018 e está a ter um crescimento muito positivo e sustentado. Em 2021, a loja foi melhorada, com o objetivo de a tornar mais atrativa e de mais fácil acesso.

De que forma é que ser uma marca premium influencia o marketing?

Aparentemente, o marketing torna-se mais fácil, mas atenção: ao ser uma marca premium tem uma concorrência muito mais conceituada, pelo que tem que haver uma grande aposta na qualidade e forma de apresentação dos produtos.

Onde residem as maiores potencialidades de crescimento para a Castelbel?

Há já alguns anos que estamos a apostar nos mercados asiáticos. São mercados muito difíceis, porque os representantes só avançam depois de terem um conhecimento profundo dos fornecedores, com medo de serem enganados. É o caso, por exemplo, dos japoneses: demoram vários anos até confiar, mas quando isso acontece é para a vida!

A pandemia trouxe alterações à marca? E são mudanças que vieram para ficar?

Não houve grandes alterações. A Castelbel nunca tentou adaptar-se ao vírus, por exemplo, fabricando álcool gel ou produtos semelhantes. A nossa aposta foi mais dirigida para a consolidação da estrutura, que se ressentiu um pouco do grande crescimento da faturação da Castelbel nos últimos anos. Foram feitas várias contratações e a integração dos elementos novos é fundamental, para podermos manter o que consideramos ser uma das mais-valia da empresa: o trabalho em equipa.

 

Esta entrevista pode ser lida na integra na edição impressa da Briefing.

sd@briefing.pt

Quinta-feira, 17 Fevereiro 2022 12:18


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