“No que respeita ao negócio da Galp, os impactos mais evidentes foram os relacionados com os consumos energéticos. Num plano macro, a queda no consumo de combustíveis, sobretudo durante o período inicial do confinamento, foi a face mais visível das alterações introduzidas pela pandemia”, refere, defendendo, contudo, “não ter havido nenhuma área que não tivesse sido impactada.” “Desde a gestão de recursos humanos da Galp, para garantir a segurança dos nossos colaboradores e assegurar o regular funcionamento de infraestruturas críticas para o país, como as refinarias ou os postos de abastecimento, até à resposta às novas necessidades dos consumidores e das empresas”, acrescenta.
Na capacidade de reação imediata da Galp, Joana Garoupa aponta alguns exemplos: “Decisões como a imediata suspensão de cortes de fornecimento de eletricidade a pessoas financeiramente impactadas pela Covid-19 ou as parcerias com a Glovo e a Uber Eats para permitir que os nossos clientes pudessem continuar a aceder aos produtos das nossas lojas, mesmo sem sair de casa.”
Como em qualquer multinacional com um portefólio diversificado, explica a responsável de marketing e comunicação, “as estratégias, apesar de dinâmicas, têm forçosamente de apontar caminhos de médio e longo prazo.” “É nesse horizonte de longo prazo que se mantém o nosso foco e os sobressaltos de hoje não nos desviam do caminho que traçámos”, garante. Por isso, mais do que adotar estratégias “para sobreviver”, adianta, a Galp “reagiu ao novo contexto, ao mesmo tempo que integrou as novas premissas conjunturais no plano global que tem em curso.”
“A quebra no consumo de combustíveis levou, por exemplo, a Galp a acionar um ajustamento planeado do seu aparelho refinador, garantindo sempre que as necessidades de abastecimento das famílias e empresas nunca seriam postas em causa. E não foram”, frisa, lembrando que assim que foi percecionada a dimensão da crise humanitária e social que se avizinhava foi colocado em marcha um plano para apoiar a comunidade e os que estiveram e estão na linha da frente no combate à Covid-19. “O Serviço Nacional de Saúde, o INEM, a comunidade médica, os Bombeiros, as IPSS e todos os que de alguma forma estão a contribuir para mitigar os impactos desta crise. Iniciativas como o Camião Esperança, que desenvolvemos em parceria com a TVI e a Rádio Comercial, foram também um sinal muito forte das prioridades que colocámos no terreno. Sabemos que os portugueses estão habituados a contar connosco e não podíamos falhar-lhes quando mais precisavam”, sublinha.
Apesar de defender ainda ser cedo para perceber em detalhe o impacto estrutural da Covid-19 na economia global, tendo em conta as atividades core da Galp, Joana Garoupa acredita que algumas linhas estratégicas poderão até sair reforçadas no pós-crise. “Nomeadamente a transição para uma economia de menor intensidade carbónica, com o desenvolvimento de novos modelos de negócio associados à economia sustentável, combinando ecossistemas tecnológicos, digitais e de inovação.”
Mesmo não sendo possível “vislumbrar onde estaremos dentro de um ano”, existe “um manancial tremendo de informação sobre as necessidades, interesses, preocupações e tendências que a pandemia espoletou nos consumidores. Quando percebemos que as vendas online crescem 52% temos de acompanhar essa aceleração. Se há uma mudança estrutural na restauração e o take away explode, devemos endereçar essa tendência. Se as estatísticas confirmam uma disrupção na mobilidade urbana, precisamos de repensar as soluções para esse ecossistema”, aponta, com alguns exemplos. E, assim sendo, diz que “marcas como a Galp, que historicamente fazem parte do quotidiano dos cidadãos, têm de adaptar-se a esta nova ‘conversa’ com os consumidores, acompanhá-los e continuar a endereçar as suas necessidades, com ousadia, imaginação e inovação”. Partindo dessa filosofia surgiram as parcerias com as plataformas digitais Glovo e Uber Eats, e os lançamentos do MiniCookSpot, “que permite às pessoas desfrutarem de momentos de convívio em família em espaços exteriores”, explica Joana Garoupa, e projeto Dog Wash, “que responde à crescente importância que os animais de companhia têm nas famílias dos grandes centros urbanos”, entre outras iniciativas.
“O conjunto recente de exemplos dá sequência ao longo histórico da Galp na capacidade de mostrar que tem um propósito e uma responsabilidade social que acompanham o ecossistema em que se move. A campanha que lançámos em 2019, ‘Hoje é um bom dia para mudar’, conjugada com a aquisição do negócio solar que fizemos em Espanha, e tornou a Galp no maior operador solar da península Ibérica, foi no passado mais recente a manifestação mais evidente do ‘walk the talk’ que honramos: não nos limitamos a apontar o horizonte, lideramos o caminho para alcançá-lo.”
Num ano que, segundo Joana Garoupa, “colocou todos à prova, individualmente e enquanto sociedade, testando até limites impensáveis a robustez das instituições e das infraestruturas sanitárias, sociais e económicas que construímos, ninguém pode, num contexto tão adverso, fazer balanços apenas positivos do período que vivemos.” “Mas, mesmo neste contexto, creio que ficou provada a resiliência das atividades da Galp e do acerto da estratégia que estamos a implementar de há alguns anos a esta parte”, completa.
Além das iniciativas já referidas, em outubro foi lançada oficialmente uma nova empresa no universo Galp, a Energia Independente, que vem impulsionar o autoconsumo de energia, ajudando as empresas e as famílias na Península Ibérica a produzir a sua própria eletricidade renovável. “Este foi mais um passo no nosso compromisso com a transição energética, agora com o foco na geração descentralizada de energia fotovoltaica 100% renovável. Também este ano, lançámos novos planos de eletricidade verde da Galp, com energia proveniente de fontes 100% renovável e associadas a soluções tecnológicas.”
“A Galp tem feito um percurso notável”, nota a diretora de marketing e comunicação, “nos últimos anos, para responder a uma transição energética que impacta não apenas a nossa operação, mas também a vida em sociedade. Este trabalho que começámos a fazer atempadamente, focado na descarbonização, na inovação e a digitalização, servirá agora de rampa de lançamento para o tremendo desafio que teremos pela frente depois da pandemia.”