A opinião de… Marco Gouveia

O consultor e formador em Marketing Digital Marco Gouveia reflete sobre as comunidades digitais.

A opinião de... Marco Gouveia

O digital está presente em quase todas as áreas da vida humana e essa tendência tende a aumentar a cada ano que passa. Uma parte significativa da nossa vida é passada online – um estudo da NordVPN mostrou que os portugueses passam mais de 63 horas por semana na internet, o equivalente a quase três dias. Embora tenhamos celebrado em força a retomada do presencial após a pandemia, o digital não deixou de ser preponderante no nosso quotidiano. Não obstante, o ser humano continua a ser, por essência, um ser social, que ainda necessita do contacto com outras pessoas. Talvez por isso as comunidades digitais tenham vindo a tornar-se uma tendência.

Estas comunidades são grupos de pessoas que se juntam em torno de um tema comum, relacionando-se num espaço virtual criado especificamente para esse fim. Hoje em dia, existem comunidades digitais de quase tudo. É um modelo cada vez mais adotado por quem tem negócios para conectar pessoas com interesses semelhantes, ter uma via direta de comunicação com elas e construir uma presença digital forte, com o objetivo final de lhes vender produtos e/ou serviços alinhados com o propósito da comunidade.

Devido à própria natureza humana, as pessoas têm uma necessidade inata de se sentirem parte de um grupo e de criar conexões com outras com as quais se identificam – aquilo a que se chama sentimento de pertencimento. Uma comunidade pode cumprir essa finalidade. Num contexto pós-pandémico, junta-se assim o útil ao agradável. Por um lado, a aprendizagem; por outro lado, a criação de relações interpessoais e de um espírito de união que a pandemia veio dificultar e que muitas pessoas não chegaram a recuperar nas suas vidas.

Mais do que oferecer conhecimento, um dos grandes pontos diferenciadores das comunidades é o engagement, ou seja, a interatividade entre os participantes. Estes ambientes virtuais de aprendizagem promovem a interação entre os participantes através da discussão em fóruns e da aprendizagem colaborativa. É uma característica comum das comunidades a troca de conhecimentos, experiências, técnicas e muito mais. As pessoas podem contar não só com o acompanhamento do “organizador”, mas também dos outros participantes. Geralmente, há sempre alguém pronto a ajudar dentro de uma comunidade digital, contribuindo para resolver problemas ou dúvidas que existam.

A interatividade nestes ambientes informais gera abertura para que as pessoas falem abertamente e deem as suas opiniões sobre os produtos e/ou serviços disponibilizados, o que torna possível colmatar as suas necessidades de forma cada vez mais precisa, num processo de otimização constante. Desta forma, é possível conhecer melhor os clientes, saber o que pensam sobre a marca, obter insights para a criação de novos produtos e descobrir novas oportunidades de negócio. Hoje, não basta ter produtos de qualidade e um atendimento eficiente. Os negócios que desejam crescer precisam de construir conexões autênticas com as pessoas, e as comunidades digitais abrem portas para isso.

Nas comunidades digitais, o propósito vem antes do produto vendido ou da empresa que o vende. Por isso, as pessoas que as integram estão unidas não por critérios já pré-definidos, como a localização, idade, a escola em que estudaram, etc., mas sim por um propósito em comum, o que acaba por aproximá-las. Todas as pessoas que se juntam a uma comunidade digital, caminham juntas para a mesma finalidade. E caminhar com companhia é sempre melhor do que sozinho, não é?

Marco Gouveia, consultor e formador em Marketing Digital

Segunda-feira, 22 Janeiro 2024 23:34


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