A opinião de… Ricardo Rocha

O US Managing Director e Head of Global Marketing da Noesis reflete sobre as implicações da inteligência artificial no Marketing.

A opinião de... Ricardo Rocha

Em 2023 ninguém ficou indiferente à “máquina” da eficiência que a OpenAI disponibilizou ao mundo, muito menos os marketeers que trabalham constantemente com deadlines, em situações onde cada segundo conta. 

A reflexão impõe-se, até onde irá esta ferramenta impactar a criação de conteúdo de Marketing em 2024? Irá substituir o copywritter ou o ghostwritter? 

Para responder a estas questões, proponho uma análise do possível impacto da inteligência artificial generativa no setor. 

Os algoritmos que estão na base da IA generativa sempre tiveram um papel central no Marketing digital, especialmente quando aliados à personalização de campanhas e anúncios. Acredito que a tendência será continuarmos, em 2024, a ver uma ascensão na personalização preditiva, onde algoritmos avançados analisam dados comportamentais para antecipar as necessidades dos consumidores. Esta capacidade de prever preferências individuais permitirá criar campanhas cada vez mais direcionadas e relevantes, o que por sua vez irá criar experiências únicas para cada cliente – valorizado a relação entre a marca e o consumidor. Uma situação win-win. 

Por outro lado, estes algoritmos estão tão avançados que, com a ajuda da IA generativa, são capazes de criar o próprio anúncio, desde o copy até ao design. Ainda com alguns defeitos, mas suficientemente eficiente para causas algum “desconforto” na indústria e levantar questões sobre o seu possível impacto no mercado de trabalho. Sugiro então olharmos para outros momentos de revolução tecnológica. Desde a introdução do computador pessoal, à democratização do acesso à internet, sempre que assistimos a qualquer revolução tecnológica ou industrial, este é um receio e uma narrativa comum. A tecnologia e a inovação fazem avançar a sociedade, e, até hoje, nunca foram fatores para a erradicação da interação humana no processo. Aliás, pelo contrário, foram catalisadores de eficiência e produtividade, tornando-nos mais produtivos e eficientes. 

Um algoritmo pode gerar uma frase ou um copy, mas não é (ainda?) capaz de acrescentar aquela componente de criatividade que torna uma campanha de Marketing verdadeiramente memorável. A IA generativa fornece uma base, desbloqueia ideia, mas depende do input humano e do contributo de um designer, um copywritter ou um criativo para tornar aquela base numa campanha que vá ao encontro das necessidades da marca e do cliente.  A criatividade não pode ser desvalorizada, especialmente agora que a IA está cada vez mais integrada no dia a dia profissional do setor da comunicação. 

Proponho ainda olharmos para o que “alimenta” estes algoritmos, os dados que lhe fornecem uma certa inteligência, aparentemente humana. À medida que a IA desempenha um papel mais proeminente no Marketing, os consumidores vão estar cada vez mais atentos e preocupados com a transparência das marcas face a utilização dos seus dados. Em 2024, espera-se que as marcas tenham uma atenção crescente na implementação de práticas éticas no uso da IA e na preservação da privacidade e dados do consumidor. 

A confiança do consumidor é fundamental. O uso de IA deve ser responsável e transparente e deve ser sempre visto como um aliado e nunca como uma ameaça. Acredito que à medida que os profissionais de Marketing exploram o potencial da inteligência artificial em 2024, será fundamental refletir sobre cada ação e considerar o impacto que a tecnologia poderá ter no futuro do setor. Vivemos um momento único na História, devemos abraçá-lo de corpo e alma!  

Ricardo Rocha, US Managing Director e Head of Global Marketing da Noesis

Quinta-feira, 02 Maio 2024 11:18


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