Miguel Lopes é o outro nome que está na origem desta iniciativa, em que fotojornalistas e fotógrafos documentais se juntam para fazer um retrato diário sobre a quarentena.
O grupo surgiu com uma premissa comum a todos, atualmente: “estarmos confinados ao nosso espaço”, devido à pandemia. No entanto, as lentes destes profissionais continuam a funcionar, mesmo dentro de quatro paredes, captando diversas perspetivas, olhares e emoções inerentes à situação, havendo ainda relatos “fora de portas”.
Pretendem também ser “uma grande companhia para as pessoas” e mostrar as suas visões do isolamento social, com um “toque profissional da fotografia”, através do qual – diz o cofundador – podem acrescentar “pozinhos mágicos”, para que as pessoas gostem desse conforto e se distraiam com a conta de Instagram.
“Derivado da nossa profissão, temos esta necessidade de ver – ou tentar ver – o que os outros não veem, e estando em casa temos de puxar pela cabeça sobre como podemos criar”, explica Gonçalo Borges Dias.
É, aliás, uma fotografia sua que marca o início do EverydayCovid: foi à marquise de casa e fotografou o que via na rua, com o seu reflexo. Desde então, o feed do Instagram conta com quase duas centenas de imagens.
Têm publicado, no máximo 45 imagens por dia, mas vão, agora, tentar fazer uma curadoria, para reduzir o tempo de entrada de imagens, de forma a que as pessoas possam “fazer scroll no mosaico de imagens e olhar para cada uma com mais tempo, e não ser uma entrada massiva”.
A assinar as publicações estão profissionais que fazem parte de um grupo do WhatsApp criado há vários anos por Miguel Lopes, cujo o número de membros ultrapassa os 100, apesar de nem todos publicarem.
Inspirar as pessoas e incentivá-las a fotografar – uma vez que “hoje em dia todos têm smartphones com qualidade e toda a gente pode criar” – são ainda objetivos inerentes a esta iniciativa.
“Gostava que isto também fosse um motor de arranque para muita gente, para começar a fotografar”, confessa Gonçalo Borges Dias, afirmando que este seria um motivo de orgulho para si.
Com os olhos postos no futuro e embora defenda que o mais importante é o momento atual, o fotojornalista não deixa de parte a hipótese de, “quando isto passar tudo”, o EverydayCovid impulsione uma exposição ou possa ser folheado num livro.