A rádio soube adaptar-se. O Salvador fala pela MCR

A rádio foi o meio que melhor se adaptou às novas circunstâncias. E a prova disso, diz o administrador da Media Capital Rádios, Salvador Bourbon Ribeiro, é o facto de o consumo se manter estável, não tendo havido a quebra prenunciada. A digitalização ajuda, e muito, e é um caminho para continuar.

 

Briefing | Os dados da vaga intermédia do Bareme indicam que o consumo de rádio desceu, mas não significativamente face à primeira vaga do ano. Que leitura faz dos dados?

Salvador Bourbon Ribeiro | São dados positivos. Confirmam que o valor total de consumo se mantém estável, na linha dos últimos cinco anos, o que é uma notícia que contraria a perceção de que o consumo desceu abruptamente. Sabemos que as rotinas das pessoas se alteraram, mas os hábitos de consumo mantêm-se. O consumo de rádio é dos hábitos mais enraizados que existem. E este é um ativo de grande valor.

Este comportamento era esperado? O que o explica?

Não nos surpreende totalmente, mas não deixa de ser uma motivação adicional. O consumo no carro diminuiu por força da diminuição da circulação, mas hoje os ouvintes consomem os conteúdos de rádio em casa, que se tornou também no local de trabalho de muitas famílias. Também não é novidade, até porque a digitalização da rádio foi uma realidade muito presente nos últimos anos, acentuada particularmente nos dois últimos.

Com o consumo de rádio a mudar, a rádio tem de se ajustar. Como? E o que tem feito a MCR?

Na Media Capital Rádios, num primeiro momento, a nossa maior preocupação foram as nossas pessoas. Trabalhamos arduamente para encontrar soluções, de forma a garantir a maior normalidade possível nas nossas emissões de rádio, tendo as nossas pessoas resguardadas. Estamos a fazer emissões a partir de casa dos animadores, e, nas funções que o permitem, temos departamentos inteiros em teletrabalho. Estamos nesse processo e diria até a liderá-lo. Há muito que lançamos as rádios digitais em todas as rádios do grupo, adaptámos conteúdos, por exemplo o “On in the night” da Rádio Comercial, às terças feiras, que tem sido um sucesso, o news blog em tempo real sobre tudo o que diz respeito ao Covid-19, etc., etc., etc..

   

A proximidade é um dos trunfos da rádio, que chega a todo o lado. Como mantê-la em tempos de confinamento social?

Todos temos bem presente a importância que a rádio tem na vida das pessoas. A relação emocional, afetiva e de estreita proximidade que o comum dos ouvintes tem com as figuras da rádio mantém-se, independentemente da plataforma. O feedback que temos nas redes sociais é disso testemunha, tendo crescido de forma exponencial nas atuais circunstâncias. Mas os conteúdos que criámos nas redes sociais são uma resposta, a emissão continua ativa, e a ser consumida, noutras plataformas, em particular no player das rádios.

De todos os meios, a rádio é aquele que tem demonstrado uma maior capacidade de adaptação às novas circunstâncias e a Media Capital Rádios, em todas as suas estações, tem adaptado os conteúdos àquelas que são as novas rotinas dos nossos ouvintes. Foi assim em antena, nas redes sociais e até em espaços físicos como o evento que fazemos e que esgota em Lisboa, no Porto e em todo o País.

 

Um dos desafios que se coloca é o da digitalização. As rádios do grupo estão preparadas?

Felizmente, já começamos a digitalização há mais de dois anos. Os nossos ouvintes ouvem-nos no carro, em casa e em todo o lado. Recordo que esse é, aliás, o slogan da Rádio Comercial, por exemplo. Em todo o lado! O papel da MCR o na transformação digital da rádio tem sido de liderança. Adequou-se como nenhum outro meio, sabendo tirar proveito de complementaridades óbvias. A rádio, hoje, é consumida em grande medida através das plataformas digitais. E é o que estamos a confirmar internamente e agora, com este estudo, é uma boa notícia para todo o setor.

   

Outro desafio é o da publicidade. Qual tem sido o comportamento dos anunciantes?

Existe uma travagem brusca e sem precedentes da economia, com fortes consequências no investimento publicitário. Estamos, claro, a ter quebras na publicidade. Há um momento para digerir incertezas, definir posições, aclarar caminhos, mas há rapidamente também a necessidade de se seguir em frente. E é natural que, num primeiro momento, as marcas tivessem que repensar e adaptar a sua estratégia de comunicação para uma nova realidade. Contudo, com o tempo, é natural também que o mercado publicitário vá retomando o seu ritmo, até porque sabemos da História que as marcas que deixam de comunicar correm o risco de desaparecer. O Grupo MCR, enquanto anunciante, também adaptou a sua comunicação aos dias de hoje, não perdendo assim a ligação ao seu público. Prova disso é a campanha que lançamos nos autocarros. Acredito que os anunciantes rapidamente vão retomar o seu investimento, para estar perto dos seus consumidores.

Vamos ter uma rádio antes de Covid e uma rádio depois de Covid?

Acho que isso é inevitável, para a media, ou qualquer outro setor da economia. Sem este novo contexto inesperado, sempre exigimos a nós próprios inovar. Agora, vivemos um momento desafiante, mas a nossa exigência de inovação não mudou com a pandemia. Vamos querer continuar a inovar e a liderar esse processo de inovação, seja na forma de distribuição, seja na criação de conteúdos. O consumo de rádio não vai diminuir e existem novas formas de fazer rádio, nas diferentes plataformas. Em rádio, os conteúdos são rei. E neste campo podem contar connosco, com uma equipa enorme que, todos os dias, vai surpreender e fazer rádio com a mesma paixão e que nos levou ao sucesso e à liderança, transformando um meio que se dizia condenado há uma década para um meio que cresce todos os anos.

fs@briefing.pt

 

Quarta-feira, 22 Abril 2020 12:22


PUB