Que desafios se colocam às marcas quando os consumidores têm cada vez mais solicitações e cada vez menos atenção? Ou, como o presidente da APPM começou por alertar para a necessidade de foco e qual o tipo de legado que se quer deixar às próximas gerações. “Numa geração que consegue criar objetos inteligentes, mas não consegue dedicar-se emocionalmente a quem é mais próximo. Numa geração que consegue criar veículos autónomos, mas não consegue ligar à mãe no aniversário”, diz Rui Ventura.
Miguel Olivares, da agência espanhola La Despensa, salientou a necessidade de estar desperto, de estar no tempo presente. “Numa altura em que estamos todos a competir por tempo, é fundamental sobressair”, nota, sustentando a importância de “lutar para sair do mar da irrelevância”.
Sobressair é o que a PSP tem feito, através do uso das redes sociais, onde utiliza uma estratégia de proximidade. E ainda que o Facebook desta marca institucional seja “um sucesso” em termos de likes e de engagement, a distração, assume o comissário João Moura, “é um problema”. Informação, emoção e humor. É esta a chave tripla que a polícia usa nas redes sociais para contrariar “a cada vez maior dificuldade em captar a atenção”. E timing, que, garante o comissário, “é o mais importante”. Nesta busca por ganhar atenção, aponta o uso de animais e temas ecológicos como o caminho a explorar no futuro. Pois se um post com um cão até ofuscou o Presidente da República.
Já para Lídia Monteiro, do Turismo de Portugal, a solução para captar os oito segundos de tempo médio de atenção dos seres humanos são… ondas. Ou melhor, deu como exemplo a onda gigante que colocou em Times Square e que teve um “grande impacto”, gerando record de visitas no site e tornando Portugal no destino de surf com mais buscas no Google.
A consistência é, afirma, importante para passar a mensagem, mas não só. Portugal sempre teve potencial para ser um país atrativo para o turismo, mas só quando se deixou de comunicar apenas isso é que os resultados melhoraram. “Alterámos o paradigma e alicerçamos a estratégia em pessoas, propósito e pertinência”. A seu ver, estes são os três eixos da estratégia para ser relevante, para o Turismo de Portugal estar onde uma “marca global precisa de estar”.
A marca assume-se, assim, cada vez mais, como criadora de conteúdos e de narrativas. Sempre com o propósito de “receber bem e alimentar as diferenças”. E, naturalmente, ultrapassar os nove segundos de tempo médio de atenção dos peixes dourados, e voltar – pelo menos – aos 12 segundos, alcançados em 2000, na época pré-revolução dos dispositivos móveis.