Briefing | O que podemos esperar da terceira etapa da Liga Mundial de Surf (WSL), que decorre de 6 a 16 de março, em Peniche?
Francisco Spínola | Esperamos que Portugal e as ondas de Peniche não desiludam e demonstrem uma vez mais o porquê de Portugal ser um dos países mais procurados no mundo como destino de surf. Este será o terceiro ano que vamos realizar esta etapa no mês de março e queremos demonstrar ao mundo que o nosso País é consistente em termos de ondas e bom tempo todo o ano, consolidando a boa imagem deixada no ano passado. Em 2024, assinalamos 15 anos de Meo Ripcurl Pro e queremos celebrar. Queremos que as centenas de milhares de pessoas que vêm a Peniche tenham a melhor experiência de sempre a todos os níveis. Para isso, trabalhámos muito em conjunto com as entidades e patrocinadores para que áreas como estacionamento, alimentação, diversão, entre outras, estejam ao nível do evento e dos visitantes.
Qual é o feedback internacional que o campeonato tem recebido?
O feedback não poderia ser melhor. Veja-se, por exemplo, a quantidade de marcas internacionais que patrocinam o evento. A Shiseido, a Corona ou a Yeti escolhem o evento para ativar as suas marcas, trazendo até Portugal convidados e imprensa internacional. Por outro lado, ao longo destes últimos 15 anos, o País tem demonstrado uma variedade de soluções para a realização do evento em termos de diversidade de ondas e locais de prova.
Qual o impacto da prova na região?
O impacto está à vista. Costumamos dizer que existe um Peniche antes e depois de 2009. Basta ver a quantidade de negócios ligados direta e indiretamente ao surf que surgiram deste então só na cidade de Peniche. Mas podemos ir até mais longe e analisar esse impacto em toda a região Oeste onde municípios como Óbidos, Lourinhã e até mesmo Torres Vedras estão hoje também focados num turismo virado para o surf.
Por fim, a WSL, em parceria com o ISEG, está a desenvolver um estudo de impacto socioeconómico para perceber o real impacto que o surf tem hoje em dia no nosso País.
E, em termos de marcas, qual tem sido a procura?
Continuamos com 99% dos parceiros que começaram connosco em 2009 e desde então o portefólio tem aumentado, quer a nível nacional, quer a nível internacional. Recentemente, um parceiro nosso revelou que solicitou um estudo a uma consultora para perceber áreas com potencial para investimento e o surf foi o principal resultado. Isto demonstra bem a maturidade do nosso negócio hoje em dia.
O que procura a WSL nas marcas associadas?
Procuramos acima de tudo parceiros, que se identifiquem com os nossos valores, objetivos e ideais. Hoje, não basta uma marca chegar e investir. Procuramos que adicione algo aos nossos projetos, quer a nível de projeto, mas também em áreas que são os nossos principais pilares, como são a sustentabilidade ambiental e social.
Como encara o facto de ser o único português no circuito mundial?
Frederico Morais | É um orgulho gigante fazer parte da elite mundial. Trabalho para estar aqui desde os seis anos. A primeira vez que me qualifiquei foi em 2016 e desde então o meu objetivo é manter-me no circuito.
Requalifiquei-me para 2024, mas sinto sempre que Peniche é a etapa com mais significado para mim. O apoio do público, ver aquela praia com cerca de 30.000 pessoas a assistirem ao meu heat é uma sensação inigualável. Por outro lado, é uma responsabilidade acrescida. Levo muito a sério a expectativa de todos os que me acompanham. Sejam pessoas ou parceiros, sei que tenho a obrigação de dar tudo por mim e por eles. Nem sempre é fácil, porque às vezes não corre tão bem como gostaria, mas tem sido um processo de aprendizagem e aceitação de que o desporto de alta qualificação é assim mesmo. Sabe muito bem ganhar em casa, mas é muito complicado quando não vou tão longe. Ser o único tem também este aspeto de não haver outros surfistas portugueses no spotlight. Aqui em Peniche, competirão dois surfistas convidados portugueses, a Francisca e o Joaquim Chaves. Vai ser bom ter mais dois portugueses em prova.
Estou muito entusiasmado e orgulhoso de mantermos esta etapa no circuito (desde 2009). Passou a ser o único local de prova da Europa e isso também me enche de orgulho. Poder mostrar que a nossa costa tem ondas incríveis com qualidade mundial e capacidade para organizarmos uma etapa de tanto renome, que é o Meo Rip Curl Pro Portugal.
O que espera da prova em Peniche?
Sinceramente, venho com expectativas faseadas. Quero focar-me heat a heat. Vai depender de muita coisa, como depende sempre. A única certeza que tenho é que darei o meu melhor. Vou aproveitar o facto de competir perto da família e amigos, que é algo que sinto falta o ano todo. Espero que as condições estejam boas. Supertubos pode dar umas ondas incríveis, é um mar que conheço bem.
Acima de tudo quero aproveitar esta etapa.
Sofia Dutra