#ALENTE DE…André Costa Santos tem mais abertura para cinema

Prefere o cinema à publicidade e ser realizador não foi um desejo de sempre, “foi e continua a ser um processo de descoberta”. Até porque, se não tivesse seguido esta profissão, André Costa Santos, da Forever in Movies (FiM), seria jogador de futebol.

André não consegue precisar o momento em que nasceu o desejo pela realização, mas, a vontade de contar histórias já o acompanha há muitos anos e “talvez tenha encontrado na imagem em movimento o melhor meio para as contar”. Sentiu estar “a dar o primeiro passo” para se assumir enquanto realizador na produção de um videoclip para o rapper Phoenix RDC. “Pela primeira vez, tentei contar uma história de ficção”, diz. “Foi, sem dúvida, o desbloqueador para iniciar o meu percurso enquanto realizador”, acrescenta.

Formado em Pós-Produção pela ETIC, antes da FiM, André Costa Santos já tinha passado pela VO’Arte, TVI, BETA-I e Kalimodjo. Mas destaca o momento em que conheceu o realizador João Pedro Moreira e Carlos Afonso, diretor da CUT Films, como crucial para “iniciar uma caminhada mais consistente e coerente na área de realização”. “Tenho (por eles) a maior admiração e respeito, e, de certa forma, foram as pessoas que me orientaram e me abriram algumas portas”, justifica. Durante algum tempo foi freelancer, até ser convidado (em 2014) para trabalhar no Vhils Studio, na Solid Dogma e na Underdogs Galleery. E em 2016 ingressou na Forever in Movies.  

Prefere o cinema. Trabalhar em publicidade “é uma questão de sobrevivência”. “O cinema só se cruza com publicidade porque os meios técnicos são idênticos e nada mais”, denota, acrescentando que os princípios com que se desenvolve um projeto para cinema ou para publicidade são muito distintos, “daí ter alguma dificuldade em juntar esses dois nomes na mesma frase”. Admitindo ter uma lista “muito grande”, inclui entre os filmes que gostava de ter realizado “Full Metal Jacket”, “IDA”, “Florida Project”, “1001 Noites”, “São Jorge”, “La Haine”, “Gomorra”, “Moonlight”, “Amores Perros”, “Ghost Story”, “Roma”, “Spring Breakers” e “Pára-me de repente o pensamento”. E, apesar de ter “dificuldade em estabelecer objetivos, metas e desejos a médio e longo prazo”, quer terminar de escrever uma série e a sua primeira curta-metragem – e “gostava de concretizar tudo isto dentro de dois anos”.

Nas marcas, é a forma como os criativos abordam os filmes que as representam que o fascina. Entre os trabalhos que mais aprecia destaca os que foram feitos para as marcas Rinowa, Bose e Billboard. “Em publicidade a liberdade para criar é uma ilusão”, sobretudo quando a ideia vem de uma agência. “A sensação com que fico, quase sempre, é a de que nós, realizadores, somos meros executantes. O que não é verdade – sei que é extremamente redutora e estranha esta perceção”, admite. O desafio, nas palavras do realizador, torna-se incoerente no momento em que é pedido “algo criativo, diferente e fresco”, mas, “se possível, igual a uma qualquer referência visual vinda da Nike ou da Mercedes”. Ainda assim, acredita que o que pode acrescentar a um filme publicitário é, “pelo menos, uma tentativa de contar histórias assentes numa vontade de inovar em algum aspeto”, o que nem sempre é possível. “Há sempre um certo receio em dar o primeiro passo”.

Apesar de tudo, nunca deixa de encarar cada projeto publicitário“ de forma séria e profissional”. André Costa Santos sabe que, no final, nunca vai ter a sua visão, enquanto realizador, espelhada na totalidade. “Tento sempre pôr o meu cunho (se é que ele existe) em cada projeto e garantir que todos ficam satisfeitos com o resultado final. Com isto quero dizer que um anúncio de TV é a soma de muitas vontades e opiniões, sejam elas coerentes ou não”, comenta, deixando claro que “o mais motivador” é chegar a uma rodagem de um anúncio e encontrar nos membros de equipa, “cansados” e com “duas horas de sono”, a confiança e motivação para “um próximo projeto assim”. 

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Sexta-feira, 26 Julho 2019 11:39


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