Não sei se, tal como eu, o leitor reparou na importância ainda maior 1), das redes sociais; 2), da comunicação clara, segmentada e inovadora; 3), dos dados rigorosos que determinada empresa tem a seu respeito e, 4), da experiência de compra para me “oferecerem” aquilo que preciso, na altura que é preciso. Tão simples quanto isto. Diria que estes quatro pontos são tão ou mais importantes do que ter um produto competitivo. A efetiva utilização destes fatores é o que faz a diferença entre os aspirantes e os verdadeiros digital marketers.
Podemos negar, refutar ou ignorar, mas a melhor métrica de uma campanha de marketing é a taxa de conversão, custe o que custar. Sem estes fatores, só por sorte terá o sucesso desejado.
Sobre as tendências do digital e de consumo para 2020, tenho uma perspetiva muito própria. Não só pela minha experiência internacional, como por aquilo em que eu acredito. Ora vejamos:
Sobre o digital, o data-driven Marketing vai ser ainda mais importante. 2020 vai ser o ano em que o machine learning e a automação vão ter lugar de destaque. A personalização, aliada aos conteúdos de vídeo, vai fazer a diferença. Voice Search e Visual Search estão na pole position para se transformarem em líderes e começarem um novo capítulo. Os assistentes de voz vão tornar-se mais e mais populares. Brand Transparency vai passar a dar cartas e a abrir caminho para a Geração Z (nascidos entre 1995 e 2005) pois, li algures que, 60% destes dizem que querem salvar o Mundo!
Como utilizador de WhatsApp, acredito que os WhatsApp status ads vão ser a principal oportunidade para anunciantes em 2020. Mas atenção. Vai ser um processo progressivo e, numa primeira fase, exclusivo. Falando em WhatsApp, vamos continuar a assistir ao investimento na experiência do cliente nos equipamentos móveis, até porque as taxas de conversões neste canal, ainda não são aquilo que um marketer pode esperar.
E porque caminhamos para um marketing mais inteligente, mais racional, mais científico, mais contextual e, acima de tudo, mais conveniente, a ideia é personalizar toda a comunicação e recebê-la no nosso dispositivo, na altura certa e com a mensagem certa. Quem for mais forte em conjugar media, criatividade, tecnologia e análise de dados, vai marcar pontos face à concorrência.
Na minha perspetiva (talvez conservadora), o consumo relacionado com viagens e entretenimento vai continuar a crescer. O dinning vai continuar na moda e a indústria eletrónica vai continuar a surpreender-nos, sendo o 5G será a grande novidade.
No entanto, a ideia de que a felicidade está intimamente ligada ao motor do consumismo não se sustenta mais. Neste cenário, a economia partilhada ganha força nos hábitos dos consumidores, que estão cada vez mais abertos à experiência. As marcas precisam de entender a dinâmica deste novo mercado, onde as pessoas valorizam cada vez mais soluções de mobility.
Por isso, se não está a explorar nenhuma destas áreas, recomendo que o faça. Caso não o esteja a fazer e, ainda assim, tenha sucesso, parabéns. Mas talvez seja uma boa altura para repensar a sua estratégia: é que o sucesso não é intemporal e a mudança é aquilo que temos de mais certo.
Miguel Mendes, diretor de Cliente, Produto e Transformação do Banco Santander Consumer Portugal