Briefing | A Digital Works assume-se como uma produtora e não uma agência. Porquê a diferenciação?
Ricardo Teixeira | Tem a ver com a perceção que temos do mercado, visto que o nosso background era de estarmos do lado da agência, nomeadamente o Carlos Rodrigues da área de meios e eu venho da área criativa e digital, pelo que conhecemos profundamente o mercado e as suas necessidades. Posto isto, verificamos que no mercado há muitas agências e boas ideias, contudo praticamente todas as agências têm problemas em implementar as suas ideias e projetos na área digital. Assim, em vez de criarmos mais um projeto concorrente, criamos um projeto que visa ajudar as agências a produzir as suas ideias e, antes disso, validar se as ideias são possíveis de implementar com o budget e tempo disponível, posicionando-nos como um departamento digital em outsourcing. Deste modo as agências dedicam-se ao seu core, ou seja, criar ideias e conceitos, sendo estes produzidos por quem sabe e tem todo know-how para implementar. Temos um posicionamento muito específico de que não somos uma agência mas só trabalhamos para agências.
Briefing | Que mais-valia tem não trabalhar com clientes diretos? Essa estratégia reflete-se de algum modo no resultado final?
RT | Da mesma forma que não temos criativos, estrategas, serviço ao cliente orientado para o cliente final, as agências não têm nem conseguem ter uma estrutura técnica de produção onde temos uma vasta equipa multidisciplinar com competências em todas as tecnologias web e mobile disponíveis no mercado. São necessários 11 perfis diferentes de recursos para ter todas as competências na área de produção digital, sendo que quase todos temos de ter diversos recursos em cada perfil devido a serem mais utilizados em tipos de projetos mais recorrentes. Nos dias de hoje é impossível uma agência ter todos estes recursos, como tal podem ter através de um parceiro como a Digital Works e o cliente tem tudo a ganhar, ou seja, tem o melhor dos dois mundos: uma agência que cria um conceito adequado à sua marca e uma produtora que tem recursos disponíveis e especializados, obviamente que o resultado final será diferenciador.
Briefing | Quais os desafios de aplicar a tecnologia à criatividade? Sendo uma criatividade alheia, é mais estimulante ou mais arriscado?
RT | Embora hoje em dia a tecnologia seja toda a mesma para quem desenvolver programação web e mobile, a área da comunicação e publicidade requer uma compreensão completamente diferente. Na criatividade todos os pixéis contam, os movimentos são muito importantes e fazem toda a diferença. Fazendo uma analogia com fotógrafos ou realizadores, podem ter as mesmas câmaras, contudo a interpretação de um briefing e storyboard para a área da publicidade é totalmente diferente por exemplo de um evento. Assim se passa com a parte digital, os nossos programadores e web designers têm uma experiência ímpar no desenvolvimento e criação de projetos para mais de 100 marcas globais, onde temos clientes em 12 países, sendo todo o trabalho produzido em Portugal.
Briefing | Fazendo um trocadilho, o digital works?
RT | De facto é um trocadilho que nos assenta bem, pois metemos ideias digitais a funcionar corretamente. Daí o nome simples e eficaz para o que fazemos.
Briefing | A Digital Works trabalha para mais de 135 marcas. O digital funciona para todas as marcas em todos os setores?
RT | Definitivamente sim. O digital não só funciona, como é essencial para qualquer marca ou sector. Diria mesmo que se uma marca não estiver no digital é porque não existe. Hoje em dia já nem se trata de apenas estar presente, é essencial ter uma estratégia, uma visão concreta de onde e como é que a marca se quer afirmar online seja nas redes sociais, mobile ou web.
Embora tenhamos tantas marcas, pode parecer que já fizemos tudo e que dificilmente teremos novos desafios, contudo o digital é tão abrangente que todos os dias somos confrontados com projetos e desafios diferentes que nos fazem crescer e procurar continuamente inovações e tecnologias que nos vão ajudar a produzir projetos cada vez mais complexos, mas também uma maior eficiência no desenvolvimento dos restantes projetos.
Briefing | E tem projetos em 12 países. Como aconteceu a internacionalização?
RT | A internacionalização fez sempre parte da nossa estratégia e foi a nossa principal motivação, obviamente sem descurar o nacional. Contudo, já em Portugal 80% dos nossos clientes são agências internacionais e com presença global, as quais nos começaram a recomendar junto das suas congéneres dada a nossa especialização e provas de trabalho que temos desenvolvido.
Queremos, no entanto, ir mais longe, queremos crescer e ser a maior produtora digital da Europa, concentrando a produção em Portugal.
Briefing | Que diferenças encontra entre esses mercados e o português?
RT | Estamos convictos que Portugal tem as melhores condições da Europa para ser um grande player na área de serviços, quer pela qualidade de recursos humanos que temos, posicionamento geográfico, qualidade no idioma inglês e conhecimento sobre as marcas.
Os nossos grandes concorrentes são a Índia, Ásia e Leste. Todos eles são longe dos grandes centros, como por exemplo Londres, onde de Portugal estamos a 2 horas e com o mesmo fuso horário. Em Portugal temos um excelente Inglês, conhecemos as marcas e consumimos, temos o mesmo fuso horário que os países desenvolvidos da Europa. Mesmo para o outro lado do Atlântico estamos igualmente bem posicionados, nomeadamente para a América do sul pois dominamos o Espanhol e o Português do Brasil. Já na América do norte, de que estamos mais perto, em termos culturais estamos também mais próximos do que qualquer um dos nossos países concorrentes.
Briefing | O mercado britânico é o principal dos estrangeiros. Qual o peso no negócio?
RT | A nossa estratégia teve como mercado inicial o de Inglaterra, não só pela proximidade mas por ser mais difícil e mais evoluído, pelo que, depois de entrarmos neste mercado, estamos convictos de que os restantes serão seguramente mais fáceis.
Neste momento representa 40% do negócio global, sendo que só iniciámos projetos naquele mercado há pouco mais de um ano, pelo que o balanço é muito satisfatório e com excelentes perspetivas.
Briefing | 2014 tem sido um ano bom para a Digital Works?
RT | Em Portugal, face ao panorama nacional, diria que foi um bom ano, pois conseguimos crescer, o que é excelente. Contudo, face à nossa estratégia de internacionalização, esta relevou-se essencial para termos um bom crescimento e seguirmos a nossa ambição.
Briefing | Como perspetiva 2015? Há projetos e mercados no horizonte?
RT | Está na nossa estratégia definido um novo mercado a cada dois anos, sendo que de momento ainda estamos em fase de decisão de qual o mercado que se segue, estando em dúvida Espanha ou Escandinávia.
Embora tenhamos clientes em 12 países, não temos uma estratégia definida para cada um deles, apenas temos clientes pontuais. Quando se trata de definição de um novo mercado é ter uma estratégia e uma equipa responsável por aquele mercado, onde pretendemos ter uma carteira de clientes.