Briefing | A Lisbon Project assume-se como uma agência que oferece uma gama alargada de serviços. Nos tempos atuais, essa diversidade é uma mais-valia ou a agência tenderá no caminho da especialização?
Ricardo Carvalho | Fundámos a Lisbon Project em 2008 com a clara noção de que o mercado tinha mudado. A estrutura acabada de criar teria de ser mais leve, flexível e com unidades de negócio altamente especializadas e dirigidas por recursos totalmente autónomos.
Analisámos a atividade de grandes exemplos de gestão internacional e adaptámo-los à nossa escala. Preservámos clientes que pretendem a conveniência do serviço 360º e outros que pretendem serviços na área digital.
O modelo de negócio da Lisbon Project apoia-se na colaboração de parceiros em vários continentes, especialistas em diversas áreas, que são desenvolvidas de forma transparente perante o cliente. Estamos convictos de que o mercado está totalmente sintonizado com esta abordagem: compreende as vantagens de uma estrutura de custos fixos eficiente que ganha escala quando é necessário.
Briefing | O ano de fundação da agência, 2008, é também apontado como o ano do início da crise. Como tem a Lisbon Project convivido com a crise?
RC | Surgir durante a tempestade económica perfeita, como aconteceu em 2008, obrigou-nos a analisar em detalhe o que de facto interessa do ponto de vista de investimento na criação de uma estrutura.
Perceber o essencial permitiu-nos poupanças muito significativas perante o que conhecíamos anteriormente, sem pôr em causa uma política remuneratória atrativa. Acreditamos que é necessária a aposta numa equipa de elevada qualidade e que só assim é possível satisfazer o tipo de clientes que procuramos. Por outro lado, investimos bastante em new media, o que tem sido instrumental para a procura de novos negócios.
Finalmente, a chave está na palavra de ordem do momento – exportação – que deve ser vista tanto na perspetiva de vender para outros mercados como na procura de clientes de cariz exportador, em Portugal. São estes os clientes que, nos últimos seis anos, têm sentido necessidade de melhorar e sofisticar as suas ferramentas de comunicação, tendo capacidade financeira para o fazer.
Briefing | Qual a estimativa, em termos de faturação, para 2014 e o que representa face ao ano anterior?
RC | Cerca de 600.000, ou seja igual a 2013. A procura de novos mercados teve impacto no new business em Portugal.
Briefing | A Lisbon Project entretanto internacionalizou-se. Qual foi a estratégia para conquistar clientes fora de Portugal?
RC | O primeiro passo tem a ver com a pesquisa de oportunidades no sector exportador em Portugal. Ao começar a trabalhar com clientes que iniciam a sua atividade lá fora acaba por ser um processo natural identificar novos contactos nesses países.
A crise trouxe também uma nova realidade e, nos últimos anos, muitos profissionais de grande qualidade foram viver para fora do nosso país. Perante este facto, identificámos parceiros com que já trabalhámos, ao longo das nossas carreiras, de forma a criar network e ter uma primeira linha de contacto com clientes locais.
Briefing | Brasil, Angola e Moçambique foram mercados de oportunidade devido à língua?
RC | Angola e Moçambique sem dúvida, adicionando o facto importantíssimo de serem economias em expansão. O Brasil só faz sentido, na nossa opinião, se um grande cliente nos quiser “levar”. É o sexto maior mercado do mundo em termos de investimento em publicidade e um dos melhores em termos criativos.
Apostar num mercado maduro só fará sentido, aqui sim, numa área altamente especializada na qual façamos a diferença.
Briefing | Qual o peso dos clientes estrangeiros na faturação da agência?
RC | Cerca de 60%.
Briefing | Quais são os próximos passos? Está prevista uma presença física própria nalgum desses mercados?
RC | A Lisbon Project abriu este mês a LSP Comunicação e Design em Moçambique. Foram identificados sócios locais e desde há um ano temos ganho projetos de alguma dimensão com clientes de primeira linha com a Hidroeléctrica de Cahora-Bassa, o Grupo SOICO, a PRI Consultants (multinacional na área de RH) e o Pimenta, Dionísio Associados, um grande escritório de advogados local.
A decisão de avançar para este mercado foi orgânica e o projeto vai ser financiado, numa primeira fase, recorrendo apenas a capitais próprios. Moçambique está a acolher-nos de braços abertos, estamos a apostar em recursos locais e a recorrer a uma partilha constante de negócios com o escritório de Lisboa.
Briefing | E outros mercados estão no horizonte?
RC | Os sócios fundadores têm projetos no Médio Oriente (Abu Dhabi e Omã) desde 2006, projetos que transitaram para a Lisbon Project. São mercados com oportunidades identificadas, mas neste momento temos de consolidar a operação em Moçambique. Só avançamos para o passo seguinte quando estão salvaguardadas as estruturas anteriores.