“Somos uma marca de excelência”. É assim, com um misto de entusiasmo e de orgulho, que Nuno Leitão se refere à sua casa, o Instituto de Socorros a Náufragos, cuja origens estão em fevereiro de 1892, quando um violento temporal assolou a costa portuguesa provocando a morte de 105 dos 900 pescadores que se encontravam no mar. A rainha D. Amélia decidiu então criar o Real Instituto de Socorros a Náufragos que adotaria o nome atual depois da implantação da República, em 1910. Em 1957, foi integrado na Marinha, onde hoje se mantém.
O relacionamento entre as marcas e o ISN começou nos anos 70 do século passado – quem não se lembra do “há mar e mar e há ir e voltar”? – mas, de forma mais regular e enquadrada numa estratégia de projeção e comunicação, surgiu a partir do ano 2000. A primeira parceria foi com a Mitsubishi, seguindo-se os cafés Delta. Atualmente, a Fundação Vodafone Portugal, o jornal Destak, a SIVA, a Allianz Seguros e a o Lidl Portugal são os parceiros do Instituto no desenvolvimento de projetos de responsabilidade social.
O interesse das marcas pelo ISN tem a ver com o facto de “sermos uma referência no mundo e, por isso, todos querem estar associados aos nossos projetos”, diz Nuno Leitão. As empresas só têm a ganhar com esta associação pois as praias são um palco privilegiado para comunicação e existe uma intensa exposição mediática do ISN, muitas vezes em prime time. “Sei quantas vezes apareço em televisão no horário nobre e, quando estamos a discutir orçamentos com as empresas, isso pesa e muito”, revela o responsável.
O instituto não gasta um cêntimo de dinheiro público em campanhas de comunicação e divulgação. Também não recebe dinheiro das marcas. Nuno Leitão explica: “Recebemos projetos e doutrina em termos de comunicação empresarial, não recebemos dinheiro”. No fundo, o que se faz é levar à letra a atual política do Ministério da Defesa que passa pela ligação das instituições do sector ao tecido empresarial português. Nuno Leitão faz questão de dizer só faz coisas “made in Portugal”. Uma delas, uma aplicação desenvolvida com a Fundação Vodafone, até já é uma referência para a marca a nível internacional.
O interesse das marcas em colaborarem com a instituição é de tal ordem que “estão sempre a bater-nos à porta”. Trata-se de um “casamento perfeito entre marcas e segurança pública” e isso é um ativo muito importante. Mas não se pense que o ISN aceita tudo de bom grado e sem os indispensáveis testes. Veja-se o caso dos Amarok, as viaturas da Volkswagen disponibilizadas pela SIVA. O ISN decidiu testar os veículos em todos os aspetos, tendo mesmo feito testes comparativos com viaturas de outras marcas para assegurar que o Amarok era mesmo o indicado para as suas necessidades.