Comprar português? Sim, mas com garantia de qualidade, diz o Filipe

As marcas portuguesas devem começar por garantir que são as melhores para só depois reclamarem a portugalidade e apelarem a “comprar português”. É esta a visão do diretor de Marketing da Sociedade Central de Cervejas (SCC), Filipe Bonina.

 

Duas das marcas da SCC – a Sagres e a Água de Luso – são, diz, nascidas na portugalidade. E porquê? Recorda que a primeira foi criada para satisfazer um pedido do exército britânico, para fornecer cerveja às suas tropas estacionadas no Norte de Africa durante a Segunda Guerra Mundial. “Logo aí se pretendeu que a marca tivesse um cunho, declaradamente, português. Foi depois lançada no mercado nacional e, ao longo da sua vida, nunca mais abandonou a intenção de simbolizar a nossa forma de ser, evoluindo obviamente a par do País”, enquadra. Já a segunda, é, afirma, uma das marcas mais antigas de Portugal e que permaneceu sempre fiel aos critérios da origem a par da qualidade ímpar. Em conclusão: “Ambas as marcas são facilmente identificadas por qualquer um de nós como símbolos de Portugal. Se reuníssemos uma coleção de objetos que representassem Portugal, ninguém estranharia ver entre eles uma Mini Sagres e uma Água de Luso, lado a lado com um galo de Barcelos e de um pastel de Belém, por exemplo.”

A ligação a Portugal transvasa para a comunicação das duas marcas. No caso da Sagres, entende o diretor de Marketing que “talvez o mais importante seja a presença e apoio a acontecimentos populares, desportivos e culturais do País”, em que sobressai o patrocínio à Seleção Nacional de Futebol, mas também às Festas de Lisboa. Quanto à Água do Luso, nota que a vila que lhe dá o nome e a Serra do Bussaco e “estão bem espelhadas” na comunicação, “transportando os consumidores para o local de origem da marca, numa homenagem a um dos seus principais pilares”. Mais recente é a ligação de Bohemia à produção agrícola nacional, mas o princípio é o mesmo.

A portugalidade tem-se revelado igualmente um bom argumento de negócio. Filipe Bonina afirma, a propósito, que a melhor evidência é o facto de Sagres existir há 80 anos. E de Água de Luso ser “líder nacional do mercado de águas engarrafadas sem gás e uma das marcas com maior nível de reputação em Portugal”. “É prova de que as pessoas em Portugal reconhecem a qualidade superior em marcas nacionais”, comenta.

E, nesse sentido, tendo em conta as consequências para a economia nacional da pandemia de Covid-19, deverá o conceito de “Made in Portugal” ser reforçado pelas marcas? “Sim, mas não no vazio”, é a resposta, assim justificada: tem de corresponder a “qualidade e a uma relação de preço competitiva, o que não significa barato, mas sim adequado ao nível de qualidade oferecido”. E “tem de começar em quem produz, que deverá garantir que esse selo significa a melhor escolha”. As marcas portuguesas devem, pois, começar por “garantir que são as melhores” e só depois incentivar a comprar português. E, de alguma forma, independentemente do setor de atividade, este pode ser um ponto de união entre marcas. O diretor de Marketing da SCC admite que se possa gerar um movimento espontâneo, em que “a soma das ações de marcas portuguesas ajude a vencer algum preconceito em relação a produtos nacionais”. Até porque acredita que “qualquer português gosta de comprar marcas portuguesas”. Mas, ressalva, que “não o fará nunca de forma gratuita”. “Mais uma vez: temos de garantir que o que oferecemos corresponde a uma alta expectativa das pessoas, oferecendo qualidade e inovação, sempre fiéis ao que é ser português”, sustenta.

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Terça-feira, 18 Agosto 2020 11:05


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