Assim, numa primeira fase, com o surgimento dos primeiros casos de suspeita de contaminação no país, os gastos por ato de consumo aumentaram 8% (38,4€). Já numa segunda fase, durante o mês de fevereiro, em que se multiplicam os casos confirmados e o alerta e o controlo é elevado, os gastos sobem ainda mais por cada ato de compra, 13% o que equivale a um gasto de mais 39,4€ por cada ida ao supermercado.
“É fácil de prever que os dados relativos às primeiras semanas de março não só consolidem, como mostrem um rápido incremento destes valores, como facilmente se percebe pela corrida às lojas a que assistimos nos últimos dias”, comenta o diretor geral da Centromarca, Pedro Pimentel.
Também a forma como se consome apresenta mudanças, com as idas ao supermercado a reduzirem, mas a aumentar o gasto em cada compra, nas primeiras oito semanas do ano, os portugueses foram menos uma vez ao supermercado, face a igual período em 2019. E gastaram mais 11% em cada visita à loja, com um gasto superior em 38,9€.
Ainda mesmo antes da confirmação do primeiro caso de Covid-19 em Portugal, já apareciam os primeiros sinais de mudança, com um aumento do consumo de bens de alimentação e de bebidas (10%), de papel higiénico (8%), produtos de limpeza (7%) e de produtos de higiene e perfumaria (3%).
Nestes dois primeiros meses, os portugueses aumentaram ainda os gastos com compras online, para 60,5€ de ticket médio de cada ato de compra, tendo, além disso, comprado, em média, itens de um maior número de categorias de produto, agora 12,8.
“Como é natural, a forte afluência às lojas e os receios associados aos riscos de contaminação levaram muitos consumidores a optar ou a reforçar as suas comprar online”, diz a Manufacturers Sector Director da Kantar, Marta Santos. “Essa maior procura pela compra online, acontece, contudo, num momento de forte pressão sobre a cadeia de abastecimento, gerando, tendencialmente, uma dificuldade acrescida de resposta”, nota.
O maior impacto está, no entanto, ainda por se sentir e as informações conhecidas nos últimos dias irão condicionar fortemente o mercado do grande consumo. “As marcas e as insígnias terão, neste momento crucial, que se adaptar, definir prioridades e fornecer valor em tempo real aos consumidores”, conclui Pedro Pimentel.