Briefing | Que balanço fazem de 2019? Foi um bom ano para a agência?
Eurico Freitas, Pedro Alves e Pedro Froes | Talvez o ano de que estivemos, até hoje, à espera. Pensámos que 2018 fosse o ano da grande aposta e consolidação, mas, no final, percebemos que 2019 foi o do desafio e da provação, ou seja, este, sim, o da consolidação.
Um ano de balanço muito positivo, com tudo o que o crescimento implica: reforçámos equipa, mudámos de espaço, abrimos departamentos, conquistámos novos clientes e fizemos trabalhos que nos orgulham.
2020 já está e vai apertar!
Em relação aos clientes, quais integraram o portefólio?
Tintas CIN, Kruppa, Jeep, First Capital Bank e SOJOGO (braço da Santa Casa em Moçambique) foram alguns dos clientes que entraram para o nosso portefólio em 2019, mas, sempre agradecendo a aposta na grOW, deixa-nos também orgulhosos a confiança para alargar dentro de clientes. Por exemplo, na Galp, o facto de termos trabalhado a Fundação, os USA e Angola, ou ainda, no caso da AbInBev (CDM – Cervejas de Moçambique), na sequência de termos ganho, em 2018, a Laurentina Preta, a Dourada e Stella Artois, em 2019 a Corona e, além de outros projectos, fecharmos o ano com o rebranding da CDM e com as contas da Laurentina Premium e Budweiser. É sinal de que, dentro dos nossos clientes, temos espaço, podemos e temos feito a diferença.
Por isso, e ao longo do ano, tomámos decisões, e uma delas foi de fazer crescer o que tínhamos em carteira e consolidar. Por vezes, temos a sensação de que somos ‘pequenos’ para todos, ou seja, embora queiramos sempre ir a todas, o que nos fez chegar até aqui foi a componente de serviço e a atenção que o cliente precisa. Não queremos, de facto, ser uma fábrica.
Estamos a falar de clientes locais ou globais?
Moçambique é, nesta fase, um mercado apetecível para o grande consumo e para nichos específicos. As marcas globais ou já cá estavam ou começam a apontar esforços para cá. E, claro que as marcas nacionais cada vez mais sentem necessidade, não só de comunicar mais e melhor, mas de melhorar os seus produtos/serviços. O que é saudável.
No nosso caso, temos trabalhado ambos. Por exemplo, para a AbInBev, trabalhamos as locais Dourada, Laurentinas Preta e Premium ou, ainda dentro do mesmo cliente, as globais Corona, Stella Artois e, agora, a Budweiser. Nas globais/internacionais, temos também projectos para a Jeep, Fiat e Alfa Romeo ou First Capital Bank.
Depois as nacionais como a SOJOGO, Água Matisana, Contact, BAÍA MALL, Girl Move e a Kruppa, ou mesmo Tintas CIN, Galp, Europcar e Mitsubishi, que, embora sejam ‘internacionais’, fazem parte do país há tantos anos que já são “nacionais”.
Em resumo, embora as globais/internacionais estejam cada vez mais presentes, a forma de comunicar em Moçambique (pelo menos, para as que trabalhamos e cá estão há mais tempo) obriga a uma forte adaptação ou mesmo viragem total nos conceitos, abordagens e alinhamentos internacionais.
E do ponto de vista das valências da própria agência?
Este é um mercado peculiar. Costumamos dizer que só ainda não fizemos o desafio que não nos foi colocado. Já o dizíamos em 2013 e, embora hoje já tenhamos feito muito, continuamos a dizer e ainda há muito por fazer.
Em 2013 éramos três, em 2017 éramos cinco (esticando e encolhendo conforme picos/exigências de trabalho/projectos), hoje somos 14. Áreas como o digital, produção de eventos e audiovisual estão a ganhar peso na agência, e são áreas cujas direcções específicas começam a ser imprescindíveis, e em que estamos a investir.
Na grOW costumamos ainda dizer que não temos cargos e todos podem e devem ‘meter o nariz’ onde devem e não devem. Não somos, mesmo, uma agência convencional. Não somos uma agência 360º. Resolvemos ‘problemas’, encontramos soluções, dê por onde der.
O que mudou desde a chegada a Moçambique em 2013?
Tudo! E ao contrário de qualquer business plan. Em 2013, as previsões do país eram de crescimento a dois dígitos. Em 2015, o mercado deixou de existir, literalmente. Podíamos dizer que foi fácil e que, hoje, estamos de óptima saúde. Mas, para aqui chegar foi preciso provar que “somos de cá para cá”.
Quando chegámos, na teoria, já não havia espaço para mais agências. Vimos inúmeras a chegar, outras a aparecerem e ainda mais a desaparecerem.
O mercado talvez ainda hoje não esteja maduro o suficiente para valorizar a comunicação. Isto faz com que tenha de existir um factor diferencial, não só em como expomos/comunicamos os produtos/serviços dos clientes, mas na forma como os acompanhamos. Em 2017, com a entrada do Pedro Alves, tínhamos uma assinatura que queríamos largar – 24/7 – o Pedro obrigou-nos a reflectir o que nos tinha feito chegar até aqui, e a assinatura mudou apenas de algarismos para letras: ‘twenty four seven’.
O nome da agência – grOW – reflete o desempenho?
Como se diz por aqui: “não hei-de mentir”. Sim, reflecte! O nosso nome é um peso positivo que carregamos e, até hoje, em sete anos, nunca crescemos a menos de dois dígitos, embora em tempos, de uma base insignificante, até a três dígitos já crescemos.
Como se define: uma agência portuguesa em Moçambique ou uma agência moçambicana?
Como dizemos acima esta foi, talvez, a nossa grande ‘dor’. Sermos aceites como uma agência Moz.
Embora gerida por portugueses, com experiência no mercado português, angolano, cabo-verdiano e brasileiro, e tenhamos trabalhado para mercados como os do Malawi, Botswana, EUA, UK, Timor, África do Sul, eSwatini e até Portugal, somos, orgulhosamente, uma agência de Moçambique e para Moçambique, fazendo, no máximo, de cá para Mundo.
Olhando para o mercado moçambicano, qual o estado de maturidade do ponto de vista do marketing e da publicidade?
Mais uma vez, já adiantámos um pouco acima: o mercado não deixa de ser um mercado que, inevitavelmente, valoriza ‘pouco’ a ‘boa ideia’. Não permite ainda que existam profissionais que possam engrossar e fazer prevalecer a ‘massa crítica’ e que façam com que este seja maduro. Em nada isto tem a ver com a qualificação dos profissionais, mas sim com a teórica exigência do consumidor e ao que este, até hoje, foi habituado. Mas, temos a noção de que a inevitabilidade de que falamos acima caminha para a exigência, porque o consumidor assim vai obrigar. E aí teremos a ‘massa critica’, a todos os níveis, que precisamos para a maturidade.
A publicidade ainda não chega a todo o lado, sendo, por isso, o word-of-mouth aquele que, no fim, prevalece. Trocando por miúdos, em Moçambique só se compra de duas formas: 1 – quando a publicidade é forte e, acima de tudo, abrangente. 2 – quando o ‘povo’ fala bem e valoriza. Mas resumindo, se a 2.ª não existir, a 1.ª rapidamente deixa de ser rentável.
Nós queremos e gostamos que exijam de nós para podemos crescer e fazer crescer.
As marcas estão a investir?
Há quatro sectores mais interessantes e outros com relevância.
De forma directa, os sectores ou áreas que mais investem, com criatividade e estratégia, são a cervejas, as telecomunicações, a banca e, por fim, os refrigerantes. Nestas áreas existe forte concorrência, pelo que existe uma necessidade maior de investimento das marcas que nelas se inserem.
Depois, temos áreas que investem mais no institucional como oil&gas, ONG ou o sector alimentar em geral.
Acreditamos que a exigência de que falamos acima venha a prevalecer e a obrigar, mais uma vez, as marcas a fazerem mais e melhor.
Quais são as expectativas da agência para 2020?
Parece que estamos sempre um passo à frente nas respostas. Não queremos fazer mais, mas, sim, melhor. Entramos numa fase que não nos permite ‘inventar’, mas, sim, criar para quem acredita em nós.
Queremos continuar a entregar como entregámos até hoje e continuar a fazer a diferença. “Ontem” não existíamos e hoje estamos de braços dados com os nossos clientes.
De forma simples, se no dia-a-dia da agência tivéssemos de resumir o que queremos para ‘amanhã’ diríamos que “queremos que cada um dos nossos clientes continue a perguntar:” ‘podemos ir para a grOW trabalhar hoje?’” Sim, porque ter clientes a trabalhar na grOW é o nosso dia-a-dia e isso é, para nós, um óptimo sinal.
(respostas dadas segundo o antigo acordo ortográfico, em vigor em Moçambique)