EURO 2024, o momento em que até os estatísticos sonham

Com Portugal já qualificado para os oitavos de final do EURO 2024, regressa a rubrica 4-4-2. Desta vez, o convidado é o fundador da GoalPoint, Pedro Cunha Ferreira, que faz um resumo do percurso da Seleção Nacional até ao momento e mostra como esta se compara com as outras equipas.

EURO 2024, o momento em que até os estatísticos sonham

Em 2016 o futebol português viveu um momento de sonho, para muitos inesperado, consumado no pé direito de Éder, o herói poético e ainda mais imprevisto do que o primeiro grande triunfo internacional da Seleção Nacional. Volvidos oito anos, Portugal apresenta-se ao “seu” Europeu com um “CV” diferente e naturalmente de maior expectativa.

A esta hora ainda por “batizar”, a Seleção de Roberto Martínez chega à Alemanha com apenas dois percalços em 15 partidas disputadas sobre o comando do novo selecionador e ambos (duas derrotas) tão recentes como contextualmente particulares, ocorridos já na fase de preparação para a viagem rumo ao EURO.

Na Qualificação, onde tudo realmente contou, Portugal não poderia ter feito melhor, com dez vitórias noutros tantos desafios (única equipa que venceu todos os jogos na fase de Qualificação). Alguns dirão que a Seleção disputou um grupo “acessível”, mas a verdade é que Portugal fechou o apuramento com o melhor desempenho analítico consolidado nos ratings da GoalPoint, com 6.46, precisamente o mesmo registo da super favorita França. É curioso, aliás, reparar que os finalistas de 2016 se igualaram em vários outros indicadores relevantes, desde o número de golos marcados por partida (3,6) ao “superavit” de golos que concretizaram, acima do esperado (os agora na moda Expected Goals), com ambas a marcarem cerca de mais um golo do que o esperado, a cada jogo.

Como o futebol não se decide apenas nos golos que se marcam, mas também por aqueles que se sofrem, olhamos também os analytics defensivos de Portugal no caminho para o EURO e encontramos outros motivos para otimismo. A Seleção foi a equipa que concedeu menos perigo por jogo (0,4 Expected Goals contra) e conseguiu sofrer ainda menos golos do que o estatisticamente expectável, apenas dois em dez partidas, juntando-se a França (mais uma vez) e Países Baixos no lote das equipas com melhor desempenho defensivo na Qualificação.

No plano individual também encontramos rostos capazes de nos fazer sorrir daqui a cerca de um mês. De Cristiano Ronaldo esperamos golos, e ele continua a oferecê-los, desafiando as leis da natureza, fechando o apuramento com dez concretizações em nove Golos Esperados. Mas a Seleção tem outro “patrão” há algum tempo: chama-se Bruno Fernandes e somou 13 ações para golo no percurso rumo à Alemanha, pecúlio batido apenas pelo belga Lukaku (15) e o francês Kylian Mbappé (14). Nos tão valorizados como questionados GoalPoint Ratings, Bruno terminou com um 8.27, o segundo melhor da Europa, atrás novamente do endiabrado Lukaku, o melhor marcador do apuramento (14 golos).

Na GoalPoint preparamos o “radar” para fazer o “storytelling” analítico do terceiro EURO da nossa história, no exato momento em que atingimos os dez anos de existência. Em 2016 foi muito difícil gerir o equilíbrio entre as emoções em crescendo e o foco nos muitos dados a analisar e tarefas a cumprir. Que a Seleção de 2024 nos complique novamente a missão e nos faça a todos primeiro sonhar e finalmente sorrir, é o desejo de quem vê muitos números em redor da bola que rola na relva.

Pedro Cunha Ferreira, fundador da GoalPoint

Terça-feira, 25 Junho 2024 13:36


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