O enólogo da família, Domingos Soares Franco, e António Maria Soares Franco, administrador com o pelouro do Marketing e Vendas e representante da sétima geração à frente da José Maria da Fonseca, fizeram as honras da casa.
A temperatura apertava e pedia um início de refeição ao ar livre, com a primeira experiência do produtor nos vinhos rosé – o João Pires Rosé que, haveria de explicar o enólogo, segue a linha do branco da marca, sendo feito com uvas moscatel e a cor ajustada depois com uva tinta, o que significa que poderá variar de ano para ano. Nesta estreia, produziram-se 60 mil garrafas, mas “deveria ter sido o triplo” – comenta, a justificar o sucesso. Neste evento, acompanhou uma tábua com enchidos, queijos e pão regionais. Mas também vai bem com a triologia de ceviche.
Apenas para abrir o apetite para uma prova que decorreria já no interior, numa sala que fica precisamente num canto e em que parte do mobiliário foi recuperada daquela que foi a casa da família Soares Franco e agora é a Casa-Museu. O vinho está claramente em evidência, com um armário-montra de todo o portefólio da empresa.
E o que se seguiu na degustação foi um DSF Riesling 2019 da Coleção Privada de Domingos Soares Franco, a acompanhar uma refrescante sopa de melão com gelado de presunto (a partir de aparas com 40 meses de cura). Foi o próprio Domingos que contou este branco resulta de uvas do Douro, de uma vinha perto de Sabrosa, com a fermentação a parar nos 4,5/5 gramas de açúcar. A Coleção Privada – diz – tem como fito mostrar sempre uma inovação. Não é propriamente o caso – reconhece –, mas o que se pretendeu foi “mostrar o estilo de um bom riesling que se pode fazer em Portugal”: “O perfil da casta (alemã) está lá, mas, depois, tudo é diferente, do solo ao clima”. São seis mil litros desta colheita, o que dá oito mil garrafas, sendo que o de 2020 já está pronto.
Entrámos nos tintos para honrar um arroz carolino de limão cremoso, com algas do Sado e salicórnia, e corvina confecionada quase como um magret de pato. O eleito foi um alentejano, José de Sousa Reserva 2017, que, nas palavras de Domingos Soares Franco, prova bem como “a vinha se adapta e vai contra tudo o que está nos livros”. Porquê? Porque 2017 foi um ano de um “calor monstro”.
Finalmente, a sobremesa. As sobremesas: pera bêbada cozinhada em moscatel com crumble de bolacha Piedade (uma tradição setubalense que remonta ao século XIX) e mosca na mousse (“com cheirinho”), flor de sal, azeite e pimenta rosa. Para beber, moscatel.
Os vinhos, já se sabe, são José Maria da Fonseca. Mas a gastronomia é do chef Luís Barradas, que se inspira nas memórias da infância vivida entre Setúbal, Azeitão e Palmela para criar pratos que oscilam entre os sabores do mar e os da terra.
A ideia é que as suas sugestões sejam partilhadas e constituam uma oportunidade de provar o portefólio de vinhos da empresa. Que tanto pode ser servido à garrafa como a copo. Numa das duas salas interiores ou nas duas esplanadas. Ao todo, são 100 lugares sentados, ao almoço e ao jantar.
Este corner é, assim, mais uma aposta no enoturismo de uma família que conta com quase 200 anos. Que #provamoseaprovamos.