Leio sempre atentamente os relatórios da Trendwatching, Fjord ou outros trendsetters, que reúnem tendências oriundas de geografias diversas, oferecendo uma visão cada vez mais global daquilo que é o panorama actual e perspectivas de futuro de diferentes consumidores.
No entanto, parece-me que, independentemente desta diversidade, existem conceitos que são comuns a todas as comunidades e países. Tal como destaca o Trends 2020, publicado pela Fjord em Dezembro do ano passado, nota-se cada vez mais um alinhamento das tendências um pouco por toda a parte, o que deu origem à “meta-trend” deste ano: “Realigning the fundamentals” – realinhamento dos princípios ou dos alicerces.
Propósito, criação de valor, crescimento sustentado, personalização, relevância (para nós próprios e para os que nos rodeiam), sustentabilildade, Human 2 Human são alguns dos conceitos que, não sendo novos, estarão no mindset de todos os profissionais nos próximos tempos e que deverão guiar e servir de alicerce à construção de qualquer estratégia ou modelo de negócio.
É verdade que a tecnologia evolui a uma velocidade incrível, que o digital oferece inúmeras possibilidade em diferentes indústrias, muitas vezes apontando para caminhos ou plataformas muito diversificadas, e todos nós andamos numa corrida contra o tempo para acompanhar estas inovações e perceber de que forma podemos implementá-las. Mais do que implementar a todo o custo a solução ou a ferramenta mais actual e avançada, devemos parar para pensar se esta faz sentido para o nosso negócio e para as nossas pessoas, uma vez que a tecnologia deverá estar ao nosso serviço e não o contrário.
Para onde devo direccionar a minha atenção será a pergunta que todos nós, marketeers, nos devemos colocar. Que resultados e objectivos queremos atingir? Que estratégia devemos definir para lá chegar? Que plano ou planos de acção devo implementar para concretizar essa estratégia? Que canais, formatos, conteúdos terei de desenvolver? Quando conseguirmos responder a todas estas questões, quer dizer que estamos no caminho certo e focados em trazer valor para as marcas que trabalhamos e, em simultâneo, para todos os nossos stakeholders.
Mais do que “seguir” tendências, parece-me que aquilo que procuramos quando as lemos, enquanto profissionais e impulsionadores do negócio das nossas organizações é, na realidade, inspiração para podermos continuar a responder com eficácia às oportunidades que se nos apresentam e sermos cada vez mais relevantes não só para as nossas organizações, mas também para todos aqueles com os quais as nossas organizações “conversam”.
Num mundo VUCA (Volatility, Uncertainty, Complexity and Ambiguity) é fundamental realinharmos os nossos princípios e valores e até, quem sabe, como propõe um dos contributos do eBook Tendências de Marketing 2020, voltarmos ao back to basics, isto é, “que a tal gente do marketing torne a procurar a curiosidade natural que a fez entrar neste mundo. Que volte a saber fazer perguntas e, em função das respostas, consiga definir um caminho sem estar presa às tais formulações proferidas por um qualquer guru numa conferência com um título pomposo”.
Acima de tudo, é importante estarmos atentos à realidade que nos rodeia para que as nossas campanhas, os canais que seleccionamos para as veicular e os conteúdos que partilhamos sejam ajustados a essa realidade e vão ao encontro das necessidades das pessoas, nos locais e através dos meios onde elas preferem receber essa informação.
Andreia Jotta, Diretora de Marketing e Comunicação da Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa