Media: 42% aumenta receitas, 69% tem lucro

Menos de metade (42%) das empresas proprietárias de órgãos de comunicação social registados na Entidade Reguladora para a Comunicação Social apresentou crescimento de receitas no ano passado, ainda que 69% tenha tido lucros. São dados da “análise económico-financeira do setor de media em Portugal 2018” da ERC.

 Segundo o documento, as empresas que mais contribuíram para o fraco desempenho das receitas no ano passado foram as de rádio e publicações.

No grupo das maiores empresas do setor verifica-se, porém, que 62% reportaram crescimento e que em média, as receitas subiram 6,9%. 74% das empresas apresentaram Resultados Operacionais ou Resultados Antes de Custos Financeiros, Impostos, Depreciações e Amortizações (EBITDA) também positivos.

“A alavancagem permaneceu elevada, uma vez que a proporção de capitais próprios em relação aos ativos continuou abaixo dos 50% na grande maioria das empresas. Esta evidência é mais flagrante quando se autonomiza do todo o grupo das maiores empresas do setor, em que a proporção de capitais próprios no ativo foi, em média, 39%, o que significa que 61 % do ativo foi financiado com capitais alheios”, lê-se no comunicado. Em termos de rentabilidade dos capitais próprios, o panorama “é muito diversificado”, situando-se a média do grupo de empresas maiores nos 12 %.

Da análise constata-se que 37% dos proprietários de órgãos de comunicação social têm como principal atividade económica outra que não a de comunicação social. A ERC nota que as empresas de media são, na generalidade, de pequena dimensão, com 51% das entidades que reportaram indicadores financeiros relativos à atividade de comunicação social a apresentarem um ativo inferior a 100 mil euros.

A ERC refere que “são vários os desafios com que se deparam as empresas de comunicação social, resultado da consolidação de novas formas de consumo e distribuição de conteúdos suportadas pelo desenvolvimento da infraestrutura digital, fixa, móvel e convergente, e das novas tecnologias over-the-top (OTT). E que a dispersão da publicidade, nomeadamente na internet e a redução do seu preço mantém-se uma tendência setorial, há vários anos, e afeta diretamente uma das principais fontes de receita dos órgãos de comunicação social. Esta dispersão reflete, por um lado, a escala da internet e a maior alocação de gastos com publicidade às diversas plataformas online e, por outro, a discricionariedade, também maior, do lado do utilizador, na escolha do consumo de conteúdos”.

“A identificação e o foco em nichos de mercado com produção e distribuição de conteúdos direcionada, aliada a uma gestão de custos eficiente”, poderão, segundo a ERC, “ser os caminhos a seguir, no futuro, pelas empresas da economia tradicional que pretendem ter um papel chave no setor e no pluralismo do país”.

Segundo o documento, a 31 de dezembro de 2018, existiam ativas no setor, 1770 publicações periódicas, 267 empresas jornalísticas, 293 operadores de radiodifusão, 87 serviços de programas distribuídos exclusivamente pela internet, 25 operadores televisivos, nove operadores de distribuição de televisão (STVS) e uma empresa noticiosa.

briefing@briefing.pt

Quinta-feira, 05 Dezembro 2019 12:28


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