“Se o foco da Brandability é a criatividade, o seu ADN já nasceu digital. Desde sempre todo o nosso pensamento estratégico começou pelo digital, o que nos colocou numa posição privilegiada para responder aos desafios deste ano.” É com esta nota prévia que o strategy director & partner da Brandability, Pedro Urbano de Castro, responde ao desafio de resumir 2020 numa palavra. Acrescenta que sempre teve colaboradores em diferentes geografias, pelo que “aquilo que, em muitos casos, foi um processo duro de adaptação ao trabalho remoto”, foi, para a agência, “apenas um continuar do business as usual”. O ano foi “bastante positivo”: “Os nossos clientes nos procuraram-nos para os ajudar a aprofundar os seus processos de digitalização, salvaguardando a componente criativa. É verdade que o foco principal deste ano foi a conversão, a geração de negócio no digital, como solução para as restrições impostas. Esse processo correu muito bem e acredito que muitos dos nossos clientes não voltarão aos modelos anteriores, visto que conseguimos demonstrar que esta abordagem funciona e gera resultados incontestáveis.” Respondendo ao desafio inicial, escolhe clarividência.
OBJETIVO: CONVERTER
Com a maior parte dos negócios a sofrer um impacto nas vendas, o sócio da Brandability não se surpreende pelo facto de a geração de resultados ter sido o principal foco de muitos clientes: “Claramente, a conversão passou a ser o objetivo número um”. E concretiza: “Com a Delta Q, por exemplo, a maior parte das campanhas que fizemos foram promocionais, em todos os mercados que trabalhamos (Portugal, Brasil, Espanha, França, Suíça), com resultados muito positivos nas vendas para todos eles.” Em muitas situações, o serviço da agência evoluiu para uma consultoria no apoio à criação de novos canais de venda direta em setores onde as redes tradicionais ficaram interrompidas de um momento para o outro. “É verdade que o e-commerce cresceu muito no B2C, mas diria que a verdadeira revolução do ano foi no B2B, com o desenvolvimento de novas metodologias e plataformas tecnológicas na relação entre empresas”, nota.
IR MAIS ALÉM
Num “cenário de incerteza e de alguma desorientação”, a agência considerou que devia ir além do serviço habitual. “Temos a experiência consolidada de anos de digitalização dos nossos próprios processos e a felicidade de termos já trabalhado muitas áreas de negócio. Nestes momentos é importante partilhar esse conhecimento com os clientes e criar relações ainda mais aprofundadas de parceria”, comenta. Mais uma vez, concretiza, com o programa de formação avançada em marketing e comunicação digital para as cerca de 100 unidades de turismo rural associadas da Heranças do Alentejo. Assentou na ideia de que, se todos fizerem um bom trabalho online, remando na mesma direção, todo o destino Alentejo sairá beneficiado. “A verdade é que, num ano globalmente desolador para o turismo, uma grande parte destas unidades acabou por ter o melhor agosto de sempre”, conta.
O ir além refletiu-se também nos desafios recebidos. Esperava-se que a digitalização fosse praticamente a única palavra de ordem, mas acabaria por ser um ano de muito trabalho para o departamento criativo, que resultou em conquistas de novos clientes. É o caso da Imocasais (gestão de ativos de um dos maiores grupos nacionais da construção), à qual entregou vários projetos de criação de marca, entre empreendimentos e centros comerciais, desde o naming e identidade, brochuras, sites e, numa segunda fase, trabalhar a conversão no digital.
UM EXEMPLO
Num ano que define como o da clarividência, entende que ajudar as marcas a atingirem os seus objetivos não foi mais difícil, apesar do contexto. E dá um exemplo: o do Badoca Safari Park, forçado a fechar em março e, portanto, sem gerar receitas, mas com elevados custos de manutenção. “Num primeiro momento, trabalhámos para divulgar a situação do parque e foi possível gerar uma grande onda de apoio aos animais. Com a comunicação que implementámos nas redes sociais, no site e nas campanhas digitais, foi possível transformar o canal digital numa fonte de receitas absolutamente incontornável que conseguiu compensar o tempo de fecho”, descreve.
TOP
Solicitado a eleger o projeto mais relevante do portefólio 2020, Pedro Urbano de Castro opta pela campanha de reposicionamento de Broncoliber, para a Tecnimede. Trata-se de um xarope presente no mercado há mais de 40 anos, e, portanto, “um pouco envelhecido”. O caminho seguido pela Brandability assentou no conceito de “patrocinador do silêncio”, num filme para televisão com três extensões da história para o digital, servido através de remarketing, garantindo que no online se via sempre os filmes sequencialmente. Além disso, a agência escolheu o Spotify em vez da tradicional rádio, como meio para atingir públicos mais jovens e perfeitamente segmentados.
ASSINATURA
Contar a história certa, no momento certo, às pessoas certas. É esta a imagem de marca da Brandability e, de acordo com o diretor de estratégia, isso consegue-se através de duas premissas: conhecer muito bem a marca, os seus valores, a sua história, as suas pessoas, mas também conhecer muito bem os seus consumidores e o seu contexto – “quem são, quais são as alegrias e tristezas, os seus entusiasmos e frustrações, o que os faz rir e chorar”. “E na intersecção entre essas duas realidades, encontrar uma verdade comum, que desperte reconhecimento e pertença”, finaliza.