Há uma nova maneira de consumo de redes sociais, nomeadamente em plataformas que já existiam, mas cuja popularidade aumenta agora. É o caso do Facebook e do Instagram, aos quais se juntou o TikTok, este com mais de 1,7 milhões de utilizadores em Portugal, com uma fonte de conteúdo atrativo, de fácil consumo e com uma grande capacidade de gerar notoriedade.
O Instagram, como resposta, lançou em agosto o Reels, que é uma proposta semelhante ao TikTok, mas que já parte com uma base muito maior de utilizadores, e de mais faixas etárias, a ajudar no seu crescimento.
Outras plataformas, como o WeChat ou o QQ, (ambas de instant messaging), estão a ganhar o seu espaço, bem como o Reddit ou o Twitch, que também têm visto a popularidade crescer.
Em curva ascendente estão ainda as plataformas de e-commerce, com destaque para o Shopify e para a mais recente “estrela” da tendência em Portugal – a Peoople, mais virada para afiliação e social commerce.
Neste capítulo do social commerce (search & buy), as estatísticas mostram que 43% dos consumidores pesquisam produtos online através das redes sociais, e são as gerações mais jovens que tendem a fazer estas pesquisas. Aliás, mais de metade dos utilizadores da Internet com idades entre os 14 e os 34 anos comprou recentemente pelo menos um item relacionado com moda, enquanto navegava em redes sociais. Conclusão óbvia: o comércio social tornou-se uma “nova avenida” e faz parte do processo omnichannel. O que justifica que algumas redes sociais já incluam opções de pagamento imediato, na resposta às necessidades do utilizador/consumidor.
Plataformas como a Peoople e o Instagram acabam por ajudar os utilizadores e os próprios negócios, neste processo de transformação. Este último, por exemplo, adicionou algumas funcionalidades que acabaram por servir de apoio ao pequeno comércio durante a pandemia.
Quanto ao conteúdo social, os influenciadores são cada vez mais percebidos como uma voz de comando, e os conteúdos que criam começam a ser recebidos de forma mais autêntica, acabando por gerar mais engagement, por causa dos “velhos” efeitos FOMO (fear of missing out) e FOPO (fear of other people’s opinion). Além disso, a super estimulação dos utilizadores, juntamente com a capacidade infinita de escolha, provocam a proliferação de “snack ads” (conteúdo audiovisual inferior a 10 segundos).
Sobre a capacidade de reter atenção, o chamado “Attention Span”, o conteúdo continua a ser o rei, mas está claramente a mudar, a métrica que define o seu sucesso. O mais o importante já não é o alcance do conteúdo, nem a quantidade de likes, é o tempo de consumo, (exemplo disso é o Instagram já não mostrar o número de gostos nas publicações).
Este é talvez um dos maiores desafios das redes sociais, hoje: considerando que o span de atenção de alguém da geração Z, que vive com cinco ecrãs, é de oito segundos. E oito segundos são uma vertigem igual a esta passagem para novas tendências de consumo. Só as redes que conseguirem acompanhar a vertigem vão sobreviver.
Tiago Strecht, Head of Business Development da Samyroad