De portas abertas na lisboeta Rua das Janelas Verdes, apresenta-se como uma loja com objetivos diferentes e disruptivos que é, ao mesmo tempo, uma galeria de arte. Quis que fosse “um espaço único no mundo”. Uma vontade nascida de “uma pulsão criativa interior que não se explica e que obriga a fazer coisas diferentes”. “A MONA surge, talvez, do meu fascínio pelas ideias, pela criatividade, pelo design. Sempre que viajo, faço questão de visitar as lojas dos mais importantes museus do mundo e descobrir novas ideias, novos objetos”, contextualiza.
Define-se como uma loja de ideias e daí o nome. Um nome que fica na memória e que, diz, tem muitos atributos. Tal como a cabeça, é um espaço onde as ideias nascem, se desenvolvem e depois se materializam. Mas, e há um mas… “as semelhanças sonoras da palavra MONA com o museu Moma são também muito interessantes para a galeria de arte”.
Mas, como se vendem ideias? “É um dos grandes problemas que nós, criativos, temos. Como valorizar e vender ideias. As ideias que estão materializadas em objetos tornam esse desafio ligeiramente menos complicado”, responde, concretizando: “O Estendal que Veio para Dentro, do Nuno Vasa, por exemplo, é uma peça icónica do design português, selecionada e premiada por Serralves como uma das mais relevantes dos últimos anos. Uma ideia genial que pode ser adquirida por pouco mais de 200 euros”.
Nuno é redator, pensa com palavras, mas gosta de criar em suportes que não domina e gosta de sair da zona de conforto. “Fascina-me a materialização de ideias. A MONA tem uma linha de produtos próprios, alguns criados e desenhados por mim, onde a palavra reina com naturalidade”, comenta. Esta é, pois, uma loja de ideias materializadas, cujo espólio requer “uma curadoria constante”, que – partilha – é “um dos prazeres” de quem a dirige. “Procurar, descobrir, selecionar produtos. Obriga-nos a estar atentos ao que se passa no mundo do design e depois a escolher peças, não apenas pelo seu lado estético ou funcional, mas, principalmente, pela ideia e originalidade”. Nesta curadoria, não há lugar para “objetos que sejam esteticamente interessantes, mas que não tenham uma ideia, um twist, uma surpresa que os torne surpreendentes”.
A MONA é, ainda, uma galeria de arte. Mas não convencional. Diz Nuno Cardoso que a preferência vai para publicitários, designers, realizadores, para “gente que tem muito talento e que não encontra espaço nas galerias mais convencionais, que estão preocupadas com nomes sonantes”. Para essa meta concorre a parceria com o Clube de Criativos de Portugal, que tem funcionado “muito bem”. Nestes seis anos, já por lá passaram quase 100 nomes, “alguns deles muito conhecidos e reconhecidos como artistas, mas outros apenas reconhecidos pelo seu talento publicitário, mas com muitas ideias e talento que estava por mostrar”. E esse – sublinha – talvez seja um dos maiores contributos da MONA para o mundo das ideias nacionais.
E o que acrescenta a loja-galeria ao seu criador? Desde logo, permite-lhe conhecer “muita gente talentosa e muitas ideias novas”. Além de que “é uma inspiração diária que contribui também para o trabalho criativo na NOSSA”: “Sou um diretor criativo mais completo e versátil, com preocupações com o design e inovação que não eram tão notórias antes”. Acrescenta-lhe também a “felicidade” de empurrar ideias e criadores para a ribalta: “É um prazer enorme saber que havia ideias escondidas e que a MONA as ajudou a ver a luz do dia”. Sem prejuízo do espírito original: “Obviamente que é um projeto artístico e, como todos em Portugal, nada rentável. Mas, esse desprendimento material tem também as suas vantagens para manter a exigência e não ceder a trabalhos e objetos mais turísticos e comerciais”.
Por isso, tem valido a pena. “Voltava a fazer a mesma coisa. Acho que a MONA é mesmo uma das melhores ideias que já tive”.