Briefing | Como surge a Bombom?
Pedro, Duarte e Ruben | A Bombom surge após colaborarmos os três em vários projetos ao longo dos últimos anos. Pouco a pouco, fomos sentindo que a visão de três pessoas, vindas de áreas diferentes, se complementa e aquilo que fica são projetos especiais com um cunho único. E foi isso que quisemos consolidar ao criar a Bombom. Apesar de termos trabalhado e colaborado com algumas produtoras nacionais e internacionais, tivemos sempre a vontade de fazer um caminho que estivesse alinhado com a nossa visão. E quando nos conhecemos essa visão tornou-se real.
De onde lhe vem o nome?
O nome por um lado era óbvio, porque aquilo que fazemos é Bom. Por outro é assumidamente um risco, é um statement. Não temos medo de arriscar, de brincar, e o resultado, no final, vai ser sempre bom, porque somos a Bombom. Dito assim parece muito um claim, mas um bombom é isso mesmo, é um trabalho de precisão, um chocolate com a sua singularidade; não é só mais um quadrado da tablete. E na nossa visão, cada trabalho que fazemos é visto como um bombom onde nos revemos perfeitamente na frase do Forrest Gump “Life is like a box of chocolates”, porque gostamos de ver cada novo projeto como um desafio. Aliás, é engraçado que, no filme, os bombons do Forrest Gump são o ponto de partida para a história fascinante que ele conta. E nós gostávamos que assim fosse, que cada novo projeto abrisse um universo de possibilidades e narrativas cativantes, justamente como no filme, onde a história se vai contando a partir da frase “You wanna chocolate?” em frente a uma caixa de bombons.
Qual é o foco? Mais cinema ou mais publicidade?
Os dois acabam por se tocar cada vez mais. Razão pela qual os nossos realizadores e produtores são all around players. O foco está na publicidade, mas aproximar a publicidade do cinema é uma necessidade que sentimos cada vez maior. Queremos focarmo-nos cada vez mais no branded content e contar histórias reais que conseguem aliar-se ao espírito das marcas.
Dizem que trazem sangue novo e uma visão fresca. Como se concretizam esses dois conceitos?
Os dois conceitos concretizam-se em ter realizadores jovens e que saibam trabalhar e adaptar-se a projetos diferentes, orçamentos diferentes e tirar o proveito de cada situação e entregar uma peça única. O sangue novo é por sermos novos tanto na idade como na área da publicidade. A visão fresca, porque é uma visão de alguém que não tem vícios e medos. Da mesma maneira que a publicidade está a mudar, o género do filme publicitário também irá mudar. Nós sentimo-nos nesse epicentro da mudança.
O que une os diversos realizadores e produtores, uma vez que têm backgrounds diferentes?
Aproximámo-nos pela visão estética e acabamos por nos unir por aquilo que somos enquanto pessoas. Acreditamos que se encontrou aqui uma espécie de fórmula mágica. O Ruben tem um background que todos conhecemos no cinema, o Pedro na publicidade e no branded content, o João Sousa no content e fashion e a Leonor no documentário. Com quatro pessoas consegues juntar várias áreas e entregar seja em que formato for. Para completar o Duarte Neves, o nosso produtor executivo, tem experiência de produção em todas estas áreas. Os backgrounds cruzam-se uns com os outros, o que é bonito.
Como olham para o mercado da produção em Portugal?
Portugal globalizou-se, os desafios de cá são os desafios de todo o mundo, mas continuamos a ser conservadores. Ainda temos muito medo da concorrência e não sabemos tirar proveito disso. Continuamos a seguir uma métrica clássica em termos de progressão de carreira: em Portugal, se tens menos de 30 ainda estás muito “verdinho” e as oportunidades continuam a surgir muito mais tarde, queiras ser produtor, realizador, diretor de fotografia, editor, etc.. É um erro, e nós, à nossa volta, vemos pessoas com enorme talento, e sobretudo cheias de vontade de arriscar e inovar, pessoas com quem temos imenso prazer em trabalhar e que trazem um boost de criatividade. Hoje, da maneira como o mercado está a mudar, existem mais produções e mais talento, que tem mais vontade de fazer e experimentar! Antigamente, as produtoras acabavam por executar briefs, atualmente sugerem ideias e executam experiências nas quais acreditam. Um produtor ou um realizador de publicidade não faz só publicidade, faz também documentários, cinema e outros formatos. Acima de tudo, estamos a assistir a uma versatilidade e a tempos de criatividade incríveis, que ainda não estão a ser bem aproveitados. Estamos a assistir a um boom de produtoras de escalas mais pequenas, onde trabalham pessoas que não se alinham nem se enquadram com as produtoras que estão há mais tempo no mercado. O problema aqui é que, muitas vezes as agências e os clientes têm medo de arriscar briefs mais complexos e com budgets maiores com este sangue novo de produção. A verdade é que, quando se fragmentou o mercado da publicidade há uns anos, com o aparecimento de agências mais pequenas, o mercado ficou muito melhor, mais competitivo e mais interessante.