O que guiou a criatividade da Mosca em 2020? Não há uma resposta única. O fundador e diretor-geral, Manuel Soares de Oliveira, classifica a criatividade da agência como simultaneamente normal e diferente. E explica. Foi normal, “no sentido em que a Mosca tenta sempre ter propostas criativas, diferenciadoras e com alguma ousadia”. Mas, foi diferente porque o próprio ano foi diferente: “Tivemos de ter em conta um sentimento anormal e que os cuidados com o que se dizia eram redobrados”. Partilha mesmo que “houve muito medo de poder ofender ou parecer insensível num ano de grande sofrimento para tantos portugueses”.
CONTÁGIO
O vírus que tomou o país (e o mundo) de assalto contagiou também a criatividade. E “muito”. Pelos receios de ofender ou de parecer insensível, já identificados por Manuel Soares de Oliveira, mas não só. “O humor passou para segundo plano e utilizou-se muito a comunicação de cariz sentimental”, enquadra, deixando a sua perspetiva de que “a certa altura até se abusou disso e as pessoas reagiram”.
DIGITAL, SIM, MAS TAMBÉM…
Com o primeiro estado de emergência ditado em março, o confinamento entrou no dicionário (e no comportamento). E trouxe novos hábitos de consumo, em geral, e de consumo de media, em particular (logo, de consumo de publicidade). O fundador da Mosca alinha com esta perceção generalizada ao afirmar que “o digital deu um grande salto” e que “as pessoas se habituaram cada vez mais a este canal”. “Em termos de compras, foi um virar de página e muitas pessoas que não utilizavam este canal começaram a estar mais familiarizados com o mesmo”. Mas, o digital não destronou aquele que ainda é o meio em que os anunciantes mais investem: “2020 também foi o ano em que a televisão teve as maiores audiências.”
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Não obstante os condicionalismos impostos pelo vírus, Manuel Soares de Oliveira não tem dúvidas de que “houve boas campanhas em 2020”, identificando alguns anúncios que “fugiram ao sentimentalismo da pandemia e que souberam ser positivos”. Alguns deles estão no portefólio da sua agência: “Também a Mosca criou um dos melhores anúncios de 2020, o anúncio institucional para a Pfizer. Um anúncio que fala do poder da ciência de uma forma muito positiva e com uma linguagem muito apropriada ao momento em que se vive.” Mas há mais: a Mosca – sublinha – “também criou algumas excelentes campanhas” para marcas como Placard.pt, Escola 42, APEL, E Leclerc, Ben-u-Ron. “E continuámos com boas campanhas para a Iniciativa Liberal, um case study de sucesso em termos de comunicação”, remata.
INESPERADO
Inesperado. É este o adjetivo que Manuel Soares de Oliveira escolhe quando convidado a definir a agência e o seu trabalho numa única palavra. Porquê? Porque – diz – a Mosca tem desenvolvido várias campanhas que, com budgets menores, têm conseguido excelentes resultados. Isto é – afiança – “a prova de que o poder da ideia vale muito”. “Temos ajudado marcas desconhecidas a crescerem e marcas consolidadas a ganharem outra vida. Tudo graças à ousadia e à criatividade”, realça o diretor-geral da Mosca, agência que criou fez em dezembro sete anos.