Óbvio. O Pedro e o José têm uma Mensagem do Futuro

Pedro Lourenço e José Filipe Gomes são associate creative directors na Innocean Berlin. E é de lá que partilham, com o Clube Criativos Portugal e a Briefing, uma Mensagem do Futuro cheia de perguntas, mas também de respostas que a Covid-19 tornou óbvias.

 

“O mundo parou. E agora?

Esta é a pergunta com que toda a gente se debate.

Entre o trabalho que continua (e de que maneira) em home office, o pijama que quase nunca se despe e crianças à beira do desespero com a quarentena, por um lado, e em êxtase total com as horas quase ilimitadas de tv/tablet/qualquer-coisa-que-o-pai-tem-de-acabar-este-script, parámos um bocadinho para pensar.

As únicas coisas que crescem ao mesmo ritmo alarmante dos números são as dúvidas na cabeça de toda a gente.

Como vai ser o mundo depois da pandemia?

No nosso caso, há mais uma questão: como vai ser o mundo da comunicação pós-covid19?

Ninguém tem a resposta para nenhuma das perguntas.

Mas, se olharmos com atenção, encontramos várias respostas para muitas perguntas no meio desta pandemia.

Respostas que a covid19 tornou óbvias e que, até aqui, talvez não o fossem para muitos.

É óbvio que o populismo é uma forma terrível de fazer política que tem consequências drásticas. Basta olharmos para os números de pessoas infectadas nos EUA.

É óbvio que os países com um sistema de saúde público universal (como a Alemanha) estão melhor preparados para responder a catástrofes como esta.

É óbvio que os estados não devem desresponsabilizar-se das áreas críticas da sociedade.

É óbvio que o combate à desinformação e o papel dos media são fulcrais para todos entendermos melhor o mundo.

É óbvio que os profissionais de saúde não deviam ganhar 100 vezes menos do que um jogador de futebol.

É óbvio que o estilo de vida pré-covid19 é insustentável e tem um impacto avassalador no planeta.

Se olharmos para a nossa indústria, também há algumas coisas que a pandemia pôs à vista de todos.

É óbvio que a falta de relevância e o oportunismo geram indiferença, indignação e repulsa pelo nosso trabalho.

É óbvio que os prémios e festivais não são uma prioridade para ninguém (e Cannes felizmente percebeu isso).

É óbvio que as marcas podem – e devem – ter um papel activo na sociedade, e muitas delas contribuíram e continuam a contribuir da forma que conseguem neste momento.

É óbvio que não é preciso voar para uma reunião de 45 minutos no cliente – o Zoom está aí pra isso.

É óbvio que podemos trabalhar de casa e que home office, apesar de ser sinónimo de reuniões em pijama, não é sinónimo de ineficiência.

A pandemia deu-nos uma possibilidade incrível, de parar, de reflectir, de encontrar respostas e de colocar tudo em causa, individual e colectivamente.

E quando passar, porque vai passar, vamos ter uma oportunidade – quase única na História – de voltar a construir o mundo, o de cada um e o de todos, de uma forma diferente e, esperemos, muito melhor.

 Saibamos aproveitá-la.”

 

briefing@briefing.pt

 

Terça-feira, 12 Maio 2020 10:48


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