“O mundo parou. E agora?
Esta é a pergunta com que toda a gente se debate.
Entre o trabalho que continua (e de que maneira) em home office, o pijama que quase nunca se despe e crianças à beira do desespero com a quarentena, por um lado, e em êxtase total com as horas quase ilimitadas de tv/tablet/qualquer-coisa-que-o-pai-tem-de-acabar-este-script, parámos um bocadinho para pensar.
As únicas coisas que crescem ao mesmo ritmo alarmante dos números são as dúvidas na cabeça de toda a gente.
Como vai ser o mundo depois da pandemia?
No nosso caso, há mais uma questão: como vai ser o mundo da comunicação pós-covid19?
Ninguém tem a resposta para nenhuma das perguntas.
Mas, se olharmos com atenção, encontramos várias respostas para muitas perguntas no meio desta pandemia.
Respostas que a covid19 tornou óbvias e que, até aqui, talvez não o fossem para muitos.
É óbvio que o populismo é uma forma terrível de fazer política que tem consequências drásticas. Basta olharmos para os números de pessoas infectadas nos EUA.
É óbvio que os países com um sistema de saúde público universal (como a Alemanha) estão melhor preparados para responder a catástrofes como esta.
É óbvio que os estados não devem desresponsabilizar-se das áreas críticas da sociedade.
É óbvio que o combate à desinformação e o papel dos media são fulcrais para todos entendermos melhor o mundo.
É óbvio que os profissionais de saúde não deviam ganhar 100 vezes menos do que um jogador de futebol.
É óbvio que o estilo de vida pré-covid19 é insustentável e tem um impacto avassalador no planeta.
Se olharmos para a nossa indústria, também há algumas coisas que a pandemia pôs à vista de todos.
É óbvio que a falta de relevância e o oportunismo geram indiferença, indignação e repulsa pelo nosso trabalho.
É óbvio que os prémios e festivais não são uma prioridade para ninguém (e Cannes felizmente percebeu isso).
É óbvio que as marcas podem – e devem – ter um papel activo na sociedade, e muitas delas contribuíram e continuam a contribuir da forma que conseguem neste momento.
É óbvio que não é preciso voar para uma reunião de 45 minutos no cliente – o Zoom está aí pra isso.
É óbvio que podemos trabalhar de casa e que home office, apesar de ser sinónimo de reuniões em pijama, não é sinónimo de ineficiência.
A pandemia deu-nos uma possibilidade incrível, de parar, de reflectir, de encontrar respostas e de colocar tudo em causa, individual e colectivamente.
E quando passar, porque vai passar, vamos ter uma oportunidade – quase única na História – de voltar a construir o mundo, o de cada um e o de todos, de uma forma diferente e, esperemos, muito melhor.
Saibamos aproveitá-la.”