Na verdade, o nome não é original. É, sim, a uma homenagem ao livro que inspirou o empresário espanhol Javier Floristàn no curso de uma viagem a Itália. Voltou com a vontade de abrir um restaurante e assim aconteceu em Saragoça, em 2000.
A Portugal chegou há um ano, com a abertura no Parque das Nações, em Lisboa, em abril de 2022, e, mais tarde, nas Avenidas Novas. Fonte do master franchising diz à Briefing que, para os próximos sete anos, está prevista a abertura de até 15 restaurante, com “prioridade para localidades onde há uma presença significativa da máfia”. “Estamos abertos a propostas de interessados e procuramos franqueados em todo o país. Não temos a intenção de abrir a um ritmo acelerado, visando inaugurar dois novos restaurantes por ano em Portugal”, acrescenta.
Para assinalar este primeiro aniversário, o La Mafia apresenta um novo menu: inspirado no conceito #PiacereOriginale, propõe uma viagem à Itália sem sair da cadeira, com uma fusão entre sabores e produtos espanhóis e italianos, num convite a provar clássicos, mas também a ousar a degustação de ingredientes diferenciados.
Uma das novidades são os aperitivos. E é por eles que começa esta viagem, com a escolha a recair sobre um Amalfi Spritz, que combina licor de limão, água tónica e um toque aromático de tomilho fresco e que remete claramente para os dias de sol numa esplanada da costa amalfitana.
Mas os dias já não são de sol e pedem um vinho mais encorpado: o rosso della casa, “Clericuccio” fez-nos companhia até à sobremesa, tendo resultado bem com todos os pratos. E porque é pelo princípio que se começa, para entrada nada melhor do que carpaccio de presa ibérica com lascas de foie gras, grana padano, tempero de limão e azeite virgem extra. Uma alternativa ao carpaccio mais convencional, de vaca, e que valeu bem a troca.
E se esta é uma viagem por Itália a pasta não pode faltar. Sentou-se “a la mesa” em duas versões. Primeiro, recheada com Scamorza (queijo fumada), figos e Nduja (creme de chouriço picante), e polvilhada com grana padano e molho pesto de rúcula com tomate em pó. Delicioso é a palavra certa para descrever esta combinação de ingredientes, entre o toque adocicado do figo e uma pincelada de picante trazida pelo chouriço. É uma boa opção para os indefetíveis do queijo.
Poderíamos ter ficado por aqui, mas isso seria perder outra das estrelas da noite: giganti de cordeiro de leite em molho de xerez e foie gras. O aveludado do molho de cogumelos deu-lhe conferiu-lhe uma certa decadência que fica bem num restaurante que é um convite a entrar no universo mafioso.
Chegámos à sobremesa, mas – há que admitir – apenas por gula e porque nos tinham dito que a panacotta é imperdível. Não a quisemos perder e esteve à altura da fama.
Concluída a viagem gastronómica, havia outra para fazer – pelo próprio restaurante, acompanhada por referências visuais para as figuras da Mafia, vistas pela lente do cinema. As salas reservadas são um espelho desta narrativa, mas a mais surpreendente é, porventura, a casa de banho: quem desce as escadas que levam ao piso inferior é impactado por uma fotografia em tamanho XL d’O Padrinho. A partir daí, tudo se suaviza, com um passaporte para imergir na paisagem idílica da Toscana. La Mafia fica lá em cima, a la mesa.
Fátima de Sousa