A renovação tem mão de um empresário de Vila Nova de Gaia, António Sousa, proprietário de uma empresa de software, mas declaradamente apaixonado pela culinária. E foi este gosto que o impulsionou, fazendo-o apostar num espaço que o passar do tempo estava a tornar cada vez menos “in”. Nem a pandemia o travou, embora tivesse atrasado os seus planos de renovação.
Que eram, diga-se, algo ambiciosos. Mas que, diga-se também, se concretizaram. A sala principal, com reputação entre os apreciadores de peixe e marisco, bem como de pratos tradicionais, mantém-se, mas ganhou uma esplanada própria, para que ninguém fique privado do rio.
A “revolução” aconteceu paredes-meias com esta sala que já testemunhou muitos negócios: é que do outro lado nasceu um conceito gastronómico focado em sushi e carne maturada. Basta provar para confirmar que os opostos se atraem.
Mas, antes da degustação, entremos na sala. O branco que caracterizava o Café In desvaneceu-se para dar lugar a uma explosão de cor, em que predominam os azuis e os verdes, em materiais ricos como o veludo, que confluem numa sensação de conforto e sofisticação, com um toque de exuberância. A mesa Versace não engana!
Esta segunda sala – que ganhou o nome de Sushi&Meat – desemboca numa esplanada virada para o Tejo. Em dias de verão, convida a ficar horas esquecidas a desfrutar da vista, um convite que acaba de ser estendido aos dias de inverno, graças à novíssima cobertura.
E o convite tem outros atrativos: como o da carta de snacks, em que pontuam tacos, croquetes de novilho, batatas fritas com lascas de parmesão e trufa ou um hamburger de três queijos, só para nomear alguns. Igualmente atrativo é o bar, onde reinam os cocktails de autor, visualmente tão apelativos como o design do novo Café In.
Mas, vamos às combinações improváveis que (a)provamos. A estrela dos opostos é o sushi de picanha, ou melhor, o nigiri wagyu: picanha wagyu grelhada, arroz, foie gras, cebolete e molho temaki. Aqui reina a fusão de sabores e, neste caso, é como estar ao mesmo tempo no Brasil e no Japão… Sabor não falta na gunkan trufada: salmão, ovo de codorniz e trufa preta. A mistura da gema do ovo, ainda líquida, com o aroma da trufa é surpreendente.
E, claro que há combinações de peças de sushi e sashimi para vários gostos, as quais chegam à mesma com um empratamento que, só por si, abre o apetite, corroborando a velha máxima de que os olhos também comem.
Falta falar das sobremesas: experimentámos o cheesecake com espuma de manga e a mousse de chocolate com espuma de tequila. São quase cocktails sólidos. Mas é essa mesma a intenção de António Sousa. Aliás, nada é servido no Café In que não tenha passado no crivo do seu proprietário e da família: ele faz questão de testar as receitas. Tem de (a)provar, como nós!
O Café In tem o seu cunho pessoal a vários níveis. Desde logo no conceito, pois quis recuperar o espírito de festa que presidiu à abertura do espaço, há 25 anos. Por isso, à sexta-feira e ao sábado, há música com um DJ e o convite para prolongar o jantar com uma bebida. Sempre desfrutando dos 117 metros de frente ribeirinha.
