José Alberto Carvalho afirma ainda que a estação é, em alguns segmentos horários, líder dos canais informativos do cabo. Sobre a situação do sector o responsável da TVI considera que os media em Portugal estão obrigados a reinventar o negócio em função da grave crise económica que fez recuar o mercado da publicidade cerca de uma década. “Isto é de uma dimensão sísmica”, diz.
Briefing | Que balanço é que faz do relançamento do TVI24?
José Alberto Carvalho | Muito, muito positivo. Aumentámos a nossa quota de mercado em cerca de 50%, tanto no day time como no prime time. Tão importante como isso, demonstrámos que as soluções de programação para um canal temático desta natureza, tal como a abordagem informativa pode ser diferenciadora e que há sempre inovação para introduzir. Passo a vida a ouvir dizer que “está tudo inventado” e é absolutamente recompensador demonstrar o contrário: que é sempre possível inventar, criar, diferenciar. Mas isso só acontece quando se consegue trabalhar em equipa. Isso tem acontecido de uma forma absoluta na TVI, em relação a este projeto, em todas as áreas da empresa, a começar naturalmente pela redação.
Briefing | As audiências do TVI24 têm aumentado desde as últimas alterações?
JAC | A nossa quota de mercado aumentou cerca de 50%. De notar que nalguns segmentos horários somos líderes dos canais informativos do cabo. E, em média, a nossa posição relativa face aos concorrentes diretos, foi reforçada de forma clara e inequívoca. Além disto, entendo que o facto de assumirmos perante a opinião pública e o mercado um projeto informativo moderno, ambicioso e com personalidade própria permite reforçar, ao mesmo tempo, quer a perceção que os espectadores atribuem à TVI24 quer à própria TVI generalista. Se o consumo de cabo é mais segmentado e mais elitista, ao sermos reconhecidos aí, beneficiamos também a marca do canal principal e vice-versa, por aquilo que se faz diariamente na informação da TVI.
Briefing | Já disse que o ano de 2012 é o “mais difícil das nossas vidas”. Ao fim do primeiro trimestre mantém a mesma afirmação? Porquê?
JAC | Mantenho. E reforço! Em Portugal acentuam-se contornos de desafio muito específicos, para além daqueles que se abatem sobre todas as empresas de media do mundo inteiro. Para além dos desafios colocados pela revolução tecnológica imparável e pela consequentes alterações dos padrões de consumo, muito evidentes sobretudo em gerações mais novas, os media em Portugal estão obrigados a reinventar o negócio em função da grave crise económica que fez recuar o mercado da publicidade cerca de uma década. Isto é de uma dimensão sísmica, porque as empresas cresceram e moldaram-se em função de outra realidade tanto económica – ao nível do investimento publicitário – como de consumo. Tudo isto está em causa. Os media tradicionais mais poderosos, designadamente a televisão generalista, vão continuar a dominar o mercado num horizonte próximo, mas toda a gente sabe e sente que os processos de produção têm de ser alterados para responder à nova realidade tecnológica e, sobretudo, para encontrarmos os cidadãos que agora de desmultiplicam por inúmeras plataformas e interesses, obrigando a repensar a utilização do tempo e do espaço. Estamos a mudar de ecossistema! E em Portugal, por força da crise económica e financeira, vamos ser obrigados a ensaiar respostas para que as empresas sobrevivam e se reinventem. Isto vai acontecer inevitavelmente com mais força aqui do que noutros países. Para além de tudo isto… temos de o fazer nas mais difíceis condições de mercado e de orçamento jamais experimentada por qualquer empresa do setor.
Briefing | Está há cerca de um ano na TVI. O que é que conseguiu mudar?
JAC | A resposta exaustiva seria longa. Mas para sintetizar diria que mudámos a percepção do público. A Informação da TVI reivindica um lugar de absoluta relevância no panorama nacional. Todos os acontecimentos, nacionais e internacionais, decisivos para a vida dos portugueses passam pela TVI de forma inexorável e incontornável. O jornalismo praticado pelos jornalistas da TVI transmite todos os dias uma mensagem decisiva e sólida para os espectadores: sabemos o que é relevante e o que é acessório e atribuirmos-lhe a relevância adequada; com irreverência, independência e talento; reabilitámos uma certa ideia de reportagem televisiva e com isso regressaram ao ecrã alguns dos mais talentosos repórteres e jornalistas televisivos do país. Tudo isto é muito evidente na relação de confiança e entusiasmo que os espectadores, tal como os líderes de opinião, nos fazem chegar.
Briefing | Que comentário é que faz à polémica da medição das audiências?
JAC | Do ponto de vista de resultados, o “Jornal da Uma” é o noticiário mais visto da hora de almoço e isto aconteceu em Janeiro e Fevereiro. Em Fevereiro conseguimos, pela primeira vez na história do canal, ser líderes nos dois principais espaços informativos, uma vez que no prime time com o Jornal das 8 foi o noticiário mais visto da televisão portuguesa. Isto significa que em Fevereiro, a informação da TVI foi a preferida dos portugueses nestes dois horários. Ou dito ainda de outra maneira: em Fevereiro, mais portugueses preferiram a informação da TVI sobre qualquer outra fonte de informação! É um resultado fantástico, que noutras circunstâncias de mercado – sem crise… -se traduziria de forma ainda mais evidente nos resultados financeiros da empresa. E sublinho que estes resultados foram obtidos independentemente do modelo de avaliação de audiências. Em Janeiro e Fevereiro estava em vigor o modelo da Marktest. Em Março, os dados existentes recolhidos pela GfK confirmam esta tendência. Trata-se portanto de um resultado entusiasmante para nós, porque nos coloca acima da polémica sobre a medição de audiências.
Fonte: Briefing