“Somos todos criativos” é o título da mensagem:
“Se há algo de positivo que este vírus nos trouxe é que, de facto, “somos todos criativos”. E quantas vezes, nós criativos de profissão, respondemos desta forma a alguém que abertamente se declara como: “…mas eu não sou criativo”?
Perante esta pandemia, e com tudo o que traz de negativo, ganhámos, no entanto, consciência global da maravilhosa imaginação humana. Varandas são agora cabines de DJ, os terraços praias e parques infantis, as salas sala de cinema e de aulas, ginásios de crossfit ou estúdios de yoga, as cozinhas em restaurantes com aprendizes de cozinha, mesas de jantar em improvisados escritórios, e as idas ao supermercado numa mascarada roadtrip.
O processo criativo passou a ser insightful conversas com vizinhos, interessantes brainstormings com filhos e família, o diálogo sentido com os frontliners em supermercados, cafés e farmácias. E claro, as novas janelas para o mundo, o telefone e o computador com os infindáveis chats, as reuniões a olhar para ecrã, o mute e o unmute, os gags dos backgrounds, as festas e os jantares online. Imaginar traz-nos sanidade, e milhões descobriram o que nós, criativos de profissão sempre soubemos, criar todos os dias coisas novas, traz-nos a tão necessária sanidade.
Não existe manual para lidar com a situação que estamos a viver. Apesar de que aqui em Singapura, havia pelo menos um plano preparado para o efeito. Há mais de 15 anos, quando esta cidade-estado foi afetada pelo então SARS, o (excecional) governo decidiu fazer na altura o que fazem excecionalmente bem: planear. Planear e depois planear outra vez, planear todos os possíveis planos, e até planear enquanto esse plano acontece.
Depois a vida acontece e não há plano que resista. Entra então em ação, coração e razão.
O equilíbrio entre os desafios humanos que estamos a enfrentar e as difíceis decisões que temos que tomar. Uma sociedade 100% digital e com uma das mais robustas economias mundiais, semana após semana, foi progressivamente implementando medidas para proporcionar todos os apoios financeiros e sociais aos que sofrem, as pequenas e médias empresas e aos grandes grupos multinacionais. Comunica-se abertamente e diariamente com todos os cidadãos e residentes via WhatsApp, através de assertivas e eficazes infografias. Rapidamente, qualquer nova medida é matéria de conteúdo online, é newsworthy, orgânica e partilhada. Marketing no seu melhor. E o maravilhoso talento humano para se reinventar perante a adversidade, não fosse essa a essência da criatividade: na restrição, existe sempre fartura.
O mundo, assim como a nossa indústria, vai sofrer financeiramente. A restrição vai abundar, já está aliás, vai ficar muito duro de investimento, mas muito mais repleto de valores. Assistimos a uma total mudança de comportamento de governos e líderes mundiais, parceiros e inimigos, atuais e potenciais futuros clientes. Empresas e as suas marcas passaram a não só querer vender, mas a querer ajudar. Passaram a não impor, mas a sugerir. Passaram a não querer ser exclusivos, mas a ser inclusivos. Todos podem, e devem ter uma voz, um papel e um propósito. Todos sem exceção. Porque, na verdade, somos todos criativos.”