Mesmo a Fame, que na altura me fazia sonhar, tinha cenas chatas: no meio de um discurso, alguém desatava aos saltos e outro se agarrava a um piano.
Cantavam. Começava a música, para terminar tal como se havia iniciado: do nada.
Do que vi na Violetta, ninguém fala a cantar. Mas cantam, em momentos específicos. E dançam. Como antes, na Floricienta – a nossa Floribella -, há tragédia (mãe ou pais que morrem antes do tempo), o bem e o mal – embora o bem demore mais do que uma temporada a vencer o mal -, música e paixões.
As falas são dobradas. Como habitualmente (ainda que um pouco melhor do que as primeira novelas mexicanas nas quais as bocas mexiam e só depois saia o som… Por vezes até se ouvia antes da boca mexer. Ou… não interessa porque, simplesmente, não havia sincronismo), as bocas mexem, mas o som não corresponde. Algumas vozes são agudas. Demasiado. As interpretações são… isso mesmo. Interpretações que acentuam a teatralização.
Há miúdas más demasiado maquilhadas. Muito produzidas para a adolescência que as caracteriza. Os dias serão, portanto, uma festa. Para todos, incluindo as miúdas boas que sofrem a injustiça perpetrada pelas miúdas más.
No entretanto, as miúdas boas da vida real brincam à Violleta. Imitam as roupas, os cabelos, pintam os lábios e falam em português, com os lábios sincronizados, de maldades e canções.
Também por isto, não posso gostar. Tenho em casa uma pequena Violetta que se deslumbra com a verdadeira Violetta, como todas as meninas da sua idade. E, quando pensei que a Violetta teria desaparecido da nossa vida, eis que o fim do Verão anuncia o seu espectáculo em Lisboa e o regresso da série à televisão. Não deveriam estas séries ser mais do que uma imitação da vida real? Ou é o nosso papel ficar ao lado das crianças a dizer-lhes que aquilo, e aquilo, e também aquilo não se faz?