Uma ode ao vinho e à arte? É a Folly do Howard

Howard’s Folly. Foi com este nome algo inesperado que o empresário britânico Howard Bilton batizou o seu projeto em Estremoz. Um espaço onde conjuga duas das suas paixões – o vinho e a arte – e que, ele próprio o admite, é um espelho do seu espírito fora da caixa, isto é, da sua folly.

A viver em Hong Kong rendeu-se de tal forma aos vinhos alentejanos que, em 2002, se juntou ao enólogo australiano David Baverstock, que dera cartas no Esporão, para criar esta adega urbana. Fazer vinhos portugueses é o que o move desde então. Mas, não apenas.

Uma ode ao vinho e à arte? É a Howard’s Folly

Basta entrar no edifício térreo caiado de branco que outrora foi um grémio para perceber que a Folly de Howard tem uma grande dose de criatividade. O espaço amplo que acolhe o bar e o restaurante, e que também esconde o caminho para a adega, começou por ser sóbrio na decoração.

Uma ode ao vinho e à arte? É a Folly do Howard

Mas, peça a peça, formas e cores tomaram conta do design original, transformando-o numa verdadeira galeria de artesanato e do saber-fazer das gentes locais. Ao olhar não escapa a coleção de porcos – de todo o espetro cromático e de tamanhos vários – que espreita quem entra.

Uma ode ao vinho e à arte? É a Folly do Howard

Os bácoros não estão sozinhos no inusitado: tratores coloridos, feitos a partir de antigas máquinas de costura, fazem lembrar que ali é terreno de um produtor vitivinícola. É o próprio Howard que conta que tudo começou quando visitou uma feira local: um artesão chamou-lhe a atenção e levou-o a comprar a primeira peça. Desde então, a coleção tem vindo a aumentar.

Uma ode ao vinho e à arte? É a Folly do Howard

O caminho até ao restaurante – apropriadamente, The Folly – é acompanhado por figuras humanas que mais parecem ilusões de ótica. Olha-se uma vez e outra e a sensação é sempre de desconcerto. Mas a concentração volta quando começam a chegar à mesma os pratos preparados pelo chef Hugo Bernardo.

Uma ode ao vinho e à arte? É a Howard’s Folly

O conceito é o de partilha, com o menu que #ProvamosEAprovamos a propor uma fusão de várias culturas gastronómicas, nomeadamente asiática, italiana e mexicana. Há sabores exóticos, com produtos locais.  É o caso da polenta com carpaccio de tomate, azeite e orégãos, do bacalhau crocante com maionese de laranja ou dos tacos de borrego.

Uma ode ao vinho e à arte? É a Folly do Howard

Todos eles num casamento feliz com os vinhos da casa: HF Sonhador Branco, 2020, HF Frescho? 2021 e HF Sonhador Tinto de 2018. Num deles, uma particularidade, o Frescho? É um tinto que se bebe fresco e cujo rótulo representa um glaciar da Finlândia que, um mês depois de retratado, já havia desaparecido. “É um alerta para as alterações climáticas”, faz questão de realçar Howard.

Por falar em rótulos, são arte em si próprios, porquanto constituem reproduções de obras de artistas vencedores dos prémios da Sovereign Art Foundation no ano em que os vinhos são engarrafados. Porque Howard Bilton é um entusiasta das artes visuais, procurando retribuir à comunidade através do apoio a jovens artistas carenciados. Uma missão que pode ser testemunhada no piso superior da adega, em que o branco das paredes é interrompido por uma sucessão de desenhos e pinturas.

Uma ode ao vinho e à arte? É a Folly do Howard

A adega propriamente dita é mais uma prova da sintonia entre arte e o vinho que define a Howard’s Folly. As cubas de inox de onde saem cerca de 80 mil litros por vindima (mais ou menos, 100 mil garrafas) são emolduradas por um painel de street art do luso-francês Le Funky, representando o vinho e o Alentejo.

Uma ode ao vinho e à arte? É a Folly do Howard

Um projeto que o fundador define como sendo “um bom reflexo” da sua personalidade. Afinal, “tinha de ser pessoal”.

fs@briefing.pt

Sexta-feira, 07 Outubro 2022 10:21


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