Porque ainda estamos todos demasiado focados neste site quando, à nossa volta, o mundo (já) mudou. E não falo da mudança que, primeiro, a digitalização implementou e os media sociais consolidaram, mas daquela que também já ocorreu neste mundo virtual dos sites de redes sociais.
Aparentemente, o mundo também está no Facebook. São 1,44 mil milhões de utilizadores mundiais e mais de 5 milhões em Portugal. A comunicação social está presente e debita conteúdos. Os bloggers estão lá e também contribuem. Artistas, figuras públicas e sucedâneos também. As marcas criam estórias e envolvem-nos na rede. A maioria dos utilizadores são anónimos. De todas as idades, géneros e credos. Alimentam e são alimentados por esta comunicação em rede. Ou será antes uma cacofonia sem rede?
No Facebook estou eu e o meu pai, o meu filho e a sua avó. Famílias inteiras. Cães para doar, gatinhos fofinhos e campanhas para emagrecer, juntamente com as notícias sobre a Grécia e o vídeo, tocante, da bebé com várias dioptrias em cada olho… Está tudo lá. Estão todos lá. Até ao dia em que deixam de estar. Ou seja, até ao dia em que presença passou a ausência e as contas existem por pura inércia ou para, diariamente, espreitar a vida dos outros, ter tema para as conversas que (ainda) acontecem no mundo real.
Eles, como em tudo, são os primeiros a ir. A procurar e experimentar uma alternativa ao ambiente lotado, no qual pais e filhos se misturam. Mas não é só por isso que se mudam. Mudam-se porque ali pouco encontram que lhes seja relevante. Porque para eles – os putos, os miúdos, os jovens, ou os innovators e early adopters, ao contrário dos lagards, ou como lhe quiserem chamar – são quem encontra a the next big thing.
Foi assim com artistas e discos. Foi assim com a rádio e canais de TV. Porque haveria de ser diferente com sites de redes sociais? Orgulho-me, confesso, de fazer parte deste grupo e de, muitas vezes, apresentar novidades aos mais novos. Por isso, se ainda uso o Facebook é porque está de tal forma massificado que equivale a anunciar no canal de TV de maior audiência em qualquer mercado. Podemos não atingir o nosso alvo, mas atingimos alguém. E, no que a métricas do digital diz respeito, todos os números contam. Mesmo quando são números vazios de relevância. As marcas sabem isso, mas querem assim. Se não uso (mais) o vídeo é porque sou old school. E esta é a próxima grande cena. Já é tendência. Mas também é porque faço parte de um pequeno movimento, discreto e não organizado, dos que são pelo regresso do áudio à ribalta, usando as diferentes plataformas que permitem explorar o som e a música na rede. E, neste grupo, também há miúdos. Os mesmos que estão no Instagram ou no Snapchat.
Uma imensa minoria que já olha de lado para o Facebook e se distribui por outras plataformas, muitas delas livres do olhar das principais marcas. Porque essas dependem da folha de Excel e das métricas. As tais métricas que pouco ou nada nos dizem.
As outras marcas tratam cada membro da sua audiência de forma individual. E isso, para quem quer fugir ao barulho, vale ouro.