É Francisco Nobre, um dos sócios – o outro é Diogo Amaral –, que dá a conhecer esta ponte entre os dois universos. “Criámos um ambiente sofisticado e que quase nos faz duvidar se permanecemos na Avenida da Liberdade ou se estamos em Nova Iorque”, conta, à Briefing, pormenorizando que os yuppies a que o restaurante vai buscar o nome eram “jovens executivos, com muita ambição e um foco muito claro no sucesso das suas carreiras, mas nem por isso deixavam de ter um lifestyle marcado por momentos de diversão e recheado de amigos”.
“O nosso Yuppie respira esse conceito”, remata. O Yuppie posiciona-se, assim, como um restaurante jovem, trendy e moderno. Voltando ao nome, enquadra-se numa clara estratégia de comunicação espelhada nos demais três restaurantes que o grupo possui: o Sem Vergonha, o Descarado e o Vivant, no Algarve.
Um batismo que se enquadra na localização – aquela que é considerada a mais cosmopolita artéria de Lisboa. E que fez os dois sócios ir buscar ao baú das memórias a cultura e o quotidiano da “cidade que nunca dorme” nos anos 80.
Mas, fica por aqui a ponte com Nova Iorque, porque a gastronomia, essa, é nacional. “Quando damos início à refeição, temos a certeza de que estamos a provar o tradicional, mas requintado sabor português”, afirma Francisco Nobre, partilhando que um dos desafios foi criar uma identidade – para o Yuppie e para a carta – que o tornasse um projeto sólido e independente do hotel onde se localiza.
Refere-se ao Turim Boulevard Hotel. “É um grande desafio ter um espaço como este dentro de um hotel e transformá-lo, como nós fizemos, num restaurante de rua.” A rua é também a do Salitre, a entrada principal do Yuppie, que confirma esta intenção de abrir o espaço para lá dos hóspedes. Uma intenção que se materializa também na oferta. À sexta, ao almoço, por exemplo, há buffet executivo de cozido à portuguesa, a pensar no público empresarial.
Mas, ao jantar, o ambiente transfigura-se, torna-se mais intimista. Serve-se uma carta definida como urbana, com o sócio a explicar que a comida tradicional portuguesa é o fio condutor, mas com “um twist de modernidade”. “Procurámos as matérias-primas portuguesas e os pratos típicos da nossa gastronomia e demos-lhe a nossa identidade própria: uma identidade moderna ao nosso estilo”, sintetiza.
O que passou então pela mesa da Briefing nesta experiência? Nas entradas, um fresquíssimo tártaro de carapau e gambas com um cremoso molho bisque. Nos principais, primeiro polvo com puré de batata e tinta, seguido de tataki de novilho. E, para finalizar, mil folhas de pastel de nata e cheesecake de chocolate com texturas de pera. Sempre na companhia de um Assobio tinto, um vinho transversal aos diferentes sabores provados.
São sabores que saem da cozinha liderada por Sandro Farinho, o chef executivo do Yuppie, “roubado” ao Descarado. “Tendo mostrado provas do seu excelente trabalho, não tivemos dúvidas sobre quem seria a pessoa ideal para ocupar este papel quando o tivemos de escolher”, comenta Francisco Nobre. Com ele está o chef André Ferreira, com experiência em alta restauração e que, no currículo, tem, nomeadamente, um dos espaços de Gordon Ramsay em Londres.
Fátima de Sousa