As expectativas económicas dos consumidores são fortemente influenciadas
pela retoma de indicadores económicos. Estes geram nos consumidores,
percepções psicológicas que alteram os seus hábitos e comportamentos no
momento de adquirir bens de consumo próprio. As consequências desta
tendência são um novo impulso à economia.
O estudo relaciona alguns indicadores económico-sociais como as
expectativas económicas dos consumidores, as expectativas de rendimento
pessoal, e a propensão à compra, com a crise das principais economias
europeias.
Nesta relação, a Alemanha destaca-se dos restantes países da Europa, com
uma viragem que indica que a relação dos alemães com o consumo se
alterou muito, em tendência ascendente. De consumidores “relutantes”
passam, no final de 2010 e inícios de 2011, a consumidores “optimistas”.
Considerou-se sempre, que os germânicos tinham um índice de poupança
elevadíssimo e que eram extremamente sensíveis às oscilações dos preços,
mas actualmente não só gostam de gastar, como procuram bens de
qualidade elevada. “Os consumidores alemães mudaram. Mesmo durante a
crise de 2009, eles desafiaram os títulos negativos nos media e, desde o
ano passado são os mais optimistas da Europa. O consumo privado tem
sido o principal suporte da retoma da economia” concluiu o Professor Dr.
Klaus L. Wubbenhorst, CEO do Grupo GfK.
Nestes indicadores de consumo, Portugal encontra-se no mesmo grupo que a
Grécia e a Roménia, países que registam baixas expectativas económicas,
com pontuação muito negativa, segundo a análise da GfK: a Roménia e
Portugal com 47 pontos negativos e a Grécia com 43 pontos negativos. São
seguidos pelas economias de Espanha, com 18 pontos negativos, de
Itália, com 15 pontos negativos e do Reino Unido e da Polónia, ambos com
cinco pontos no ranking das expectativas económicas dos consumidores.
Estes dados acompanham também os valores medidos, quando se fala de
resistência dos consumidores à compra, bem como às suas expectativas de
rendimentos futuros. Estes resultados são influenciados a montante, por
factores como a retoma económica das empresas desses países, a situação
do mercado de emprego, as medidas governamentais de redução de salários
dos funcionários públicos, a dívida externa entre outros factores
específicos de cada economia interna, como por exemplo, a crise do
sector imobiliário em Espanha, a pressão dos mercados internacionais,
como o caso de Portugal, ou por terem sido intervencionadas pelo Fundo
Monetário Internacional (FMI) e Banco Central Europeu (BCE), como no
caso da Grécia e da Irlanda.
O estudo refere que este optimismo dos consumidores da Alemanha
conduzirá a perspectivas promissoras para 2011. “A GfK prevê que o
consumo privado aumente consideravelmente 1.5% em 2011 (na Alemanha) e
que triplique a sua taxa de crescimento comparativamente com o ano
anterior. A nova propensão para o consumo (…) não só está a trazer
estímulos à economia, mas também a ser uma fonte sustentada e fiável de
suporte da economia doméstica”, refere Professor Dr. Klaus L.
Wubbenhorst, CEO do Grupo GfK.
Facto é que, a propensão para a compra na Alemanha, conduziu ao milagre
do emprego neste país. Em toda a Europa, este foi o único país a
verificar uma redução de desemprego, atribuindo-se esta tendência
positiva a diversas causas que recolocaram o país numa posição de
competitividade. Todas as medidas tomadas pelo governo para activar o
mercado e trabalho (como flexibilização e horários, estímulos
económicos…) permitiram à economia alemã reagir rapidamente e criar
optimismo generalizado no mercado.
Este quadro é bem distinto do que o estudo GfK verificou no resto da
Europa, com uma recessão considerável no consumo em Itália, fortemente
relacionada com as percepções que os consumidores têm da economia. Assim
como em Espanha, com baixos índices de expectativas económicas e de
rendimentos pessoais por parte da população, que, na hora de comprar, se
retrai fortemente. No Reino Unido, as medidas de austeridade do estado,
principal empregador, estão a ter grande impacto nas percepções dos
consumidores.
Fonte: LPM